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Raniery Araujo Coelho, presidente da Fecomércio-RO: Uma liderança de Rondônia

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Raniery Araujo Coelho, 51 anos, nascido em Porto Velho – Rondônia, filho de José Sálvio Coelho e Neide Araujo Coelho, vem de uma tradicional família do comércio. Há 40 anos, os pais inauguraram a ‘Toca do Coelho’, a primeira loja no mercado local, em segmento, e que oferece artigos para presentes, lanchonetes, bares, restaurantes e utilidades domésticas, totalizando mais de 18 mil itens. Neste contexto, Raniery assumiu a direção dos negócios da família ampliando a atuação da empresa com o bem que lhe é próprio, o de ser empreendedor. Formado em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de Rondônia – FARO, construiu sua base educacional em instituições de ensino renomadas do estado, fator preponderante para estabelecer vínculos de amizades que hoje o permite ter boas relações no meio empresarial e bom trânsito nas esferas políticas. Por seu interesse em questões sociais mais amplas, logo se destacou entre os dirigentes empresariais, assumindo pela primeira vez o cargo de Vice-Presidente/Diretor no Sindicato do Comércio Varejista de Materiais Elétricos e Aparelhos Eletrodomésticos do Estado de Rondônia – Sindielétrico-RO, culminando no convite para participar mais ativamente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de Rondônia-Fecomércio-RO. Como resultado desse engajamento, Raniery foi eleito como vice-presidente entre 2004 e 2010, desempenhando notável participação. Neste período, pôde contar com o apoio técnico do ex-presidente Francisco Teixeira Linhares (in memoriam) na consolidação de seu trabalho. Em 2010, Raniery assumiu a presidência da Fecomércio-RO com dinamismo e propostas inovadoras, como resultado de sua atuação, foi eleito presidente do Conselho Empresarial de Desenvolvimento da Amazônia Legal – CODEMA, órgão que reúne empresários e organizações empresariais em torno dos objetivos, planos e projetos destinados a promover o desenvolvimento da região no “XV Fórum dos Presidentes e Superintendentes da Fecomércio e Diretores do Sesc e Senac da Amazônia Legal”. Com assertividade e uma gestão equilibrada, Raniery foi exitoso na intervenção de projetos de desenvolvimento da Amazônia. Por sua vez, isso o torna um entusiasta em relação à revitalizar o centro de Porto Velho, capital de Rondônia, usando a economia criativa. Também, reativar Guajará-Mirim com um setor industrial forte e a construção da ponte binacional Brasil-Bolívia. Em paralelo, lutar pela construção das eclusas para interligar as hidrovias do Madeira e do Guaporé e pela conclusão da BR-319. Com o mesmo empenho, busca tornar Porto Velho a capital nacional da pesca esportiva, bem como contribuir com a defesa de políticas públicas no fomento do turismo receptivo no Estado. O empresário, que é também vice-presidente reeleito da Confederação Nacional do Comércio-CNC, nesta entrevista, com clareza de pensamento, expõe um pouco de suas realizações e as razões que o movem, desejando fazer um trabalho ainda maior em prol de seu Estado.

The Winners – É incomum uma pessoa tão jovem já ter uma carreira e um cargo tão importante como o do senhor. Como explica sua precoce e notável atuação voltada para as entidades de classes e, consequentemente, uma projeção acentuada na Amazônia?

Raniery Araujo Coelho – O comércio sempre fez parte da minha vida, mas, certamente, a escola com uma turma diversificada contribuiu para que ampliasse os meus horizontes, além da loja. O fato é que não consegui abandonar o comércio, porém, também desejava algo mais. De certa forma, as circunstâncias me levaram a fazer parte do sindicato e, então, os conhecimentos sociais me propiciaram a participar e defender os interesses nas decisões que envolviam a classe comerciária. Criei uma certa experiência no setor e, a convite do meu pai, iniciei a minha participação na Federação do Comércio. Tive grande apoio do então presidente Francisco Linhares no início da minha gestão, e, hoje, conto com o apoio incondional do atual presidente da CNC, José Roberto Tadros, que era o presidente da Fecomércio do Amazonas. Devo muito à sua orientação e reconheço sempre isso. Procuro na diversidade de opiniões estabelecer um caminho de bom senso. Muitas vezes, acabo sendo muito mais conservador do que ousado. Tenho uma tendência a pensar no futuro e a fazer coisas sustentáveis. Deve ser a herança de uma família de comerciantes.

TW – Há muitas ações, neste período, sob sua liderança, que foram importantes. O que destaca como as mais efetivas em benefício do comércio de Rondônia?

RAC – O ambiente de negócios brasileiro é muito, mas muito difícil mesmo. A carga tributária, a insegurança jurídica e a dificuldade de crédito tornam o empreendedorismo “um andar em corda bamba”. Costumo repetir que, com um ambiente assim, o empresário é otimista, por natureza, ao abrir a porta todo dia com esperança de que os clientes entrem. O importante é sobreviver, porque cada dia é um dia. Essa visão é similar para o dirigente comercial que diariamente é obrigado a lidar com um problema diferente. É a obrigação de ter os comprovantes dos relógios de ponto, a mudança de alíquota dos impostos, a reoneração dos combustíveis, em outro momento, é a incerteza da reforma tributária, que tanto se discutiu e pode gerar aumento de impostos, enfim, vivemos apagando incêndios. Na maioria das vezes, somente o empresário sabe que existe quando o custo o atinge. Contudo, é a ação das federações, dos sindicatos que tornam os encargos menores. Por isso, e por conta da pandemia, uma das ações importantes que desenvolvemos foi a de unir entidades econômicas para reivindicar em conjunto, também conseguimos, em nível estadual, estabelecer um canal de entendimento com o Governo do Estado por meio da Secretaria de Finanças e com a Secretaria de Desenvolvimento, que nos permite tentar influir na política econômica estadual. Toda nossa atuação visa promover o desenvolvimento, manter e gerar novos empregos. Neste sentido, talvez as medidas mais importantes tenham sido a da criação do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade – Conetur, que agrega as entidades de turismo, instituições públicas e privadas do trade turístico, e a criação do projeto Porto Velho Sport Fishing, que busca tornar Porto Velho a capital nacional do turismo de pesca esportiva, aproveitando o grande volume de mais de 800 espécies de peixes identificadas no rio Madeira. O turismo é um setor promissor e que precisa de políticas públicas articuladas, e estamos dando nossa contribuição, inclusive propondo a melhoria da aviação regional e dos aeroportos. Já foi uma vitória a implantação do Sistema Elo articulado, que leva o passageiro da sala de embarque até a aeronave com conforto e segurança, além da acessibilidade que o sistema promove. O governo, de certa forma, precisa de parceiros como as federações do comércio e seus sindicatos para que as demandas sejam reivindicadas e atendidas. E, nós, em conjunto com nossa diretoria, nossos sindicatos e as outras entidades empresariais, procuramos promover o comércio, os serviços e o turismo, e é isso que consideramos como a nossa ação mais importante.

Ao lado de José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)

TW – A Fecomércio-RO, sob sua direção, expandiu seu campo de ação, aumentou o número de serviços e destaca-se como a gestão mais tecnológica, tanto que expandiu os serviços de certificação eletrônica e criou um e-book para que os empresários de Rondônia utilizassem o Chat GPT e, assim, pudessem se conectar com o mundo da Inteligência Artificial. O que explica seu interesse em temas como tecnologia e economia criativa?

RAC – Rondônia, de certa maneira, é um retrato do Brasil, de um país empreendedor, criativo, que busca o progresso hoje e para o futuro. Quando olhamos para o comércio e os serviços, encontramos empresas de todos os tipos e uma concorrência cada vez maior, inclusive do e- -commerce. De fato, estamos sendo empurrados para estarmos atentos aos avanços da tecnologia, do marketing, enfim, do que acontece em termos de modernização. Essa tendência nos coloca diante da necessidade de mostrar aos empresários rondonienses que precisamos buscar competitividade, e essa disposição foi reforçada com a administração do nosso presidente José Roberto Tadros. Ele não apenas modernizou a Confederação, mas também aumentou sua ação, a representatividade e fortaleceu o Sistema Comércio com a valorização do Sesc e do Senac. Procurou a união de todos em prol de nossa categoria, mostrando que a liderança precisa ser respaldada pela democracia e pela eficiência. Os avanços no mundo do trabalho são contínuos; a Inteligência Artificial é fato; as profissões estão se modificando; o mundo avança e não podemos ficar para trás. O interesse que tenho por esses temas advém da necessidade de sobreviver, e ter um diferencial em um ambiente cada vez mais competitivo. Hoje, com as mídias modernas, a competição surge de todas as partes, então, se não tivermos a tecnologia e a criatividade, tudo fica muito mais difícil.

TW – Nos 40 anos da Fecomércio-RO, o senhor fez questão de ressaltar que o sucesso da entidade era devido aos grandes nomes do passado e, em vez de fazer uma grande festa para a comunidade, optou por realizar um evento para os sindicatos, empresas e colaboradores. Qual a razão dessa escolha?

RAC – Bem, em primeiro lugar, era fundamental, inclusive para os nossos colaboradores, mostrarmos a importância do Sistema Fecomércio/Sesc/ Senac/IFPE para o Estado. O Sesc atua nas áreas de educação, saúde, promoção da cultura, na alimentação e segurança alimentar: o Mesa Brasil reduziu o desperdício de alimentos. São tantos os cenários de sucesso, que é difícil enumerá-los. O Senac, com a gratuidade em muitos serviços prestados, proporcionou à comunidade mais desassistidas o acesso aos cursos de formação por meio do Programa Senac de Gratuidade – PSG, com a oferta de cursos voltados aos segmentos de beleza, gastronomia, gestão e comércio, evidenciando ainda mais a marca Senac por meio da Rede EAD. O Instituto Fecomércio, na obtenção de dados, na educação, na realização de eventos, como o JIPA – Festival de Gastronomia & Música, é um outro canal fundamental de nosso trabalho. Estes são os braços sociais do Sistema do Comércio que fazem a diferença e contribuem enormemente para o desenvolvimento de nosso Estado. Em segundo lugar, é preciso ressaltar que, nada disso seria possível sem o reconhecimento devido ao papel do empreendedor, do empresário. É notório que não existe ainda, a consciência de que é impossível ter progresso sem a expansão do comércio, sem que haja a liberdade comercial tão necessária para o exercício dos negócios, sem que os empresários criem empregos e forneçam ocupação e, consequentemente, a renda. Quando empregadas, as pessoas proporcionam uma vida melhor aos seus familiares. O trabalho tira as pessoas da inércia, torna os seres humanos melhores e ajuda a diminuir a violência. O indivíduo que trabalha vê o mundo de uma outra forma, elevando sua autoestima, é mais segura e consegue vislumbrar um futuro melhor, contagiando sua família e a sociedade. Bastaria isso, para que se entendesse o valor do empresariado que é, por fim, o responsável pelo desenvolvimento econômico das cidades e do Estado. No nosso aniversário de 40 anos, procuramos reconhecer o trabalho de todos os que nos ajudaram a chegar até aqui. Seja de nossa entidade maior, a CNC, sejam as homenagens prestadas ao Arasuper, ao Supermercados Irmãos Gonçalves, ao Supermercado Nova Era, ao Grupo Rovema, à Comepi Cosméticos, a Casa Aragão, Madeira Viagens e Turismo, Rical – Rack Indústria e Comércio de Arroz Ltda, Bernardo Alimentos, Ciclo Cairu, Graúna Resort Hotel, Cacoal Selva Park, Boa Safra Comércio e Representação Ltda, Grupo Takigawa -Takigawa Company Distribuidora de Alimentos Ltda e Refinato Rei do Piso. Uma forma simbólica de homenagear a todos os setores comerciais e de serviços que conseguiram, com todas as dificuldades, inclusive enfrentando uma pandemia, tornar Rondônia o Estado que é, um estado de empreendedores, de uma mentalidade de desenvolvimento, de progresso e de fé no futuro, sem os quais não haveria a razão de ser do Sistema do Comércio.

A Diretoria da Fecomércio-RO reafirma sua posição de grande aliada do Presidente Raniery Coelho nas ações da federação junto aos empresários do setores do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em Rondônia

TW – Como, o senhor, um dirigente da entidade empresarial da Amazônia, encara a questão do desenvolvimento sustentável? Aliás, quando se trata do tema, recentemente, em relação às áreas de Livre Comércio, até iniciou um movimento para que fossem preservados seus incentivos. O que pensa a respeito do futuro da Amazônia?

RAC – A questão do meio ambiente é, para nós, uma questão presente todos os dias, não é como, para quem não vive na região, uma questão teórica. Nos pedem para preservar como se a Amazônia não fosse habitada. Nós a preservamos! Em Rondônia temos mais de 70 áreas de preservação de florestas, mantendo milhões de hectares intactos. Em teoria, todos se consideram a favor da preservação do meio ambiente, mas, também, temos a preocupação com o desenvolvimento e o sustento das famílias na região. Podemos citar como exemplo, a população que mora ao longo da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. Neste trecho moram mais de cem mil pessoas, e em nome da defesa da natureza, as práticas econômicas daquela localidade ficam insustentáveis. Isto quer dizer, que se pede aos moradores para não escoar sua produção. Como resultado, não há melhora na qualidade de vida desses brasileiros. Medidas essas, sem uma razão plausível, a questão nesse trecho, é o recapeamento de uma estrada que já existe e não se consegue recuperar há 23 anos, apesar do investimento de mais de R$2 bilhões em pontes para a estrada. Queremos o desenvolvimento sustentável e com políticas públicas consistentes, não apenas incentivando boas práticas de meio ambiente, a favor do reflorestamento e da preservação. Há uma consciência ambiental muito grande dos problemas, mas faltam investimentos fundamentais, como água tratada, saneamento, infraestrutura. Apesar da grandeza da Amazônia falta uma efetiva política regional que trate de seus problemas. O futuro da Amazônia é o futuro do Brasil. E, nós, que vivemos na região, precisamos ser ouvidos.

TW – Depois da pandemia, segundo veicula a imprensa, são os serviços e a indústria que têm gerado a maioria dos empregos em Rondônia, além disso, dados recentes apontam que a produção de soja tem crescido expressivamente. Outro fator que impressiona é o fechamento da balança do Estado em 2022, com um rebanho bovino de 17,687 milhões de cabeças, o maior rebanho nas áreas reconhecidas como livre de febre aftosa sem vacinação. Como o senhor vê a perspectiva do comércio nos próximos anos na economia de Rondônia?

RAC – O impacto da pandemia foi muito grande sobre o comércio, principalmente sobre bares e restaurantes, cuja estimativa chegou a 40% de lojas fechadas. Além desses setores, em muitos outros segmentos, inclusive dos serviços, o impacto foi pesado. Em 2022, nós tivemos, com todos os problemas vividos, um ano relativamente bom e com o aumento da confiança dos empresários. Infelizmente, o ano de 2023 foi marcado por um vai e vem de expectativas. Algumas medidas como a reoneração de diversos setores e o aumento dos combustíveis impactaram diretamente nos custos e nos preços. E mesmo as empresas que sobreviveram tiveram que despender suas reservas e contrair empréstimos, ou seja, ainda estão em um processo de recuperação. É claro que o comércio sentiu muito os impactos da pandemia, entretanto, é preciso perceber que em Rondônia as atividades de comércio e serviços representam 39% do Produto Interno Bruto-PIB, que, em 2023, cuja a expectativa de crescimento é de 1,9% e são responsáveis por cerca de 65% dos empregos formais, ou seja, apesar de nossa forte base agropecuária, a geração de emprego e renda dependem muito do papel relevante do comércio no desenvolvimento econômico do estado e, em relação às suas perspectivas, somos muito otimistas. Enquanto a CNC projeta um crescimento de 1,8% do varejo este ano, em Rondônia se trabalha com a possibilidade de um crescimento de 3,5% em virtude da melhora do endividamento das famílias e da crescente recuperação da intenção de consumo. Como empresários, temos procurado fazer nossa parte. Inclusive, promovemos no ano de 2023, o II Feirão do Comércio – “Preço Baixo de Verdade”, que foi um evento com a participação de 35 expositores para fomentar o ambiente de negócios, contribuir para o fortalecimento do comércio e facilitar o acesso do consumidor às empresas. Uma gama de produtos, tecnologias e serviços que nosso estado tem a oferecer, além de serviços, artesanato e gastronomia, com preços e promoções realmente facilitadores. O primeiro foi feito com muito sucesso em 2019 e reeditamos, para impulsionar as vendas do final de 2023.

Presidente Raniery Coelho (segundo da esquerda para a direita) participou da Caravana de Jornalistas que percorreu a rodovia Transamazônica, em 2017, numa mobilização pela recuperação da BR-319, que interliga Porto Velho a Manaus
A integração entre a CNC e as federações do comércio fideliza as novas perspectivas para um ambiente de negócio favorável aos empresários do setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

TW – Atualmente se acompanha muitos relatos e frequentes reclamações sobre uma queda drástica no nível da educação no país e debates sobre o papel da escola. E, dentro do processo da aprendizagem, surge uma pergunta inevitável: O que, ao seu ver, falta no setor da educação?

RAC – É preciso dizer que não sou um especialista no tema. Tenho uma visão de empresário, de homem de negócios, mas entendo que a Educação deveria ser um dos pilares da sociedade, sendo priorizado não apenas por nossos governantes, mas, também, por todas as esferas sociais. Com políticas de incentivos aos estudos não apenas para os alunos, mas para os professores, considerando a rapidez das informações. Quanto aos jovens, há uma evasão escolar preocupante nos últimos anos. Faço questão de frisar, minhas preocupações giram em torno da educação, o que certamente melhora o ambiente de negócios, por entender que só com empreendedorismo o Brasil seguirá em pleno desenvolvimento. A visão que tenho é que se fala muito em educação, mas não se investe no professor, na formação do professor, e isso é essencial. Vejo muito investimento em prédios, enquanto os gestores se queixam de falta de recursos financeiros para a manutenção da escola, e há uma defasagem acentuada em relação aos aparatos tecnológicos, ao acesso à internet e às demais tecnologias da informação e comunicação. Então, é preciso mudar a compreensão de investimentos. Fazer uma educação mais flexível, mais moderna. Porém, essa é a percepção de um homem de negócios.

TW – É uma pergunta delicada, mas, no atual momento, impossível não perguntar para um dirigente empresarial da Amazônia sobre a administração da presidência do Brasil: qual é a sua impressão, até agora, sobre a atual gestão do governo Lula?

RAC – Como empresários, somos por natureza, defensores do livre mercado, de maior liberdade econômica, de menos impostos e de um ambiente mais previsível. Não posso deixar de mencionar, que não há problema algum em dizer que os resultados, até agora são ambíguos. O presidente Lula acenou com uma maior atenção para as políticas sociais, o que implica necessariamente, em melhoria de renda e dos serviços públicos. O Brasil precisa sim de menor desigualdade, porém, se isso passa pela geração de renda, então é preciso diminuir a carga tributária, simplificar a burocracia, incentivar o empreendedorismo. E quando se aumenta o déficit público, para financiar apenas o crescimento estatal, então, não podemos enxergar um futuro melhor. Entretanto podemos, sim, enxergar esse futuro melhor, quando se procura fazer um arcabouço fiscal e uma reforma tributária. Isto nos anima, mas, logo nos vem um balde de água fria com a reoneração de impostos e a perspectiva de que ao simplificar os impostos, a carga tributária aumente. Passamos o último ano em uma espécie de gangorra, entre mais e menos otimismo. Posso exemplificar essa fala, mencionando o Programa de Aceleração de Crescimento-PAC previsto para a Amazônia. Ao juntarmos todos os recursos previstos, temos, em média, o que é direcionado para o Estado do Rio de Janeiro. Bem, se há uma região carente de infraestrutura, com dimensões continentais e onde não existiam grandes investimentos, é a nossa. Como dirigente empresarial da Amazônia, esperava uma atenção maior à região. Em resumo, como sou otimista, ainda espero um Brasil mais próspero para todos.

 

A consolidação da liderança do empresário Raniery Coelho veio em um momento de celebração durante a solenidade dos 40 anos da Fecomércio-RO em O presidente recebeu das mãos do Presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros, o Troféu “o Mascate”, a mais alta honraria da CNC

TW – Na sua opinião, o que podemos esperar de Rondônia no futuro, digamos daqui a 10 anos? E do Brasil?

RAC – Eu sou mais otimista em relação à Rondônia do que ao Brasil, embora sejam entes interligados. No entanto, relembro que Rondônia, na década passada, estava crescendo, no mínimo, três vezes o índice de crescimento do Brasil. Mesmo que a pandemia tenha alterado isto um pouco, ainda acredito que estamos crescendo mais do que o país, porém, a verdade é que quanto mais crescemos mais dependemos de investimentos, dos quais somente a União pode prover, a exemplo da Ponte Binacional de Guajará Mirim, da duplicação da BR-364 e, mencionando o que seria o mais importante, a construção do trecho da Ferrovia da Soja, de cerca de 900 km, entre Porto Velho e Sapezal, no Mato Grosso, com objetivo de desafogar a BR-364. Agora, independente de outros investimentos maiores e que podem aumentar o nível de crescimento de Rondônia, é provável que tenhamos, na média, até 2033, um crescimento de 3%, ou seja, chegaríamos neste ano a ter um PIB de 70 bilhões. Isto pode ser muito antecipado, se houver um maior investimento federal. Isso, todavia, somente acontecerá se o Brasil voltar a crescer, voltar a ter uma perspectiva de crescimento de, pelo menos, 3% em média.

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