Pra frente, Argentina e Brasil
Por: Cecília Luchía Puig e Roberto Luis Troster
Além do troféu, a vitória da seleção argentina trouxe lições. Nesta Copa, após a saída da canarinho, o Brasil em peso torceu para Argentina, para a Scaloneta como é conhecida lá, por conta de seu técnico, que potencializou a atuação de Messi. Ele fez muita diferença, mas foi o trabalho do time que ganhou a competição. “A união faz a força”. A Copa deixou lições que podem ser aplica[1]das na relação entre o Brasil e a Argentina, que podem potencializar o nosso futuro comum. A primeira delas é a valorização do conjunto. Um time de futebol só pode ganhar a partir da unidade. Da mesma forma que uma parceria entre as nossas nações pode progredir muito compartilhando um objetivo comum. Cada lance de cada partida, assim como a comemoração dos gols, mostravam um time unido que colocava o objetivo coletivo à frente do brilhantismo pessoal. Começando pelo camisa 10, Messi, que ao invés de tentar levar todas as jogadas, procurou o time para que executassem os gols. Mostraram que ninguém atinge objetivos sozinho.
Depois de vencer a Croácia por 3 a 0 e entrar na final do mundial, Lionel Messi disse: “Este é um grupo em que todos sabem, quando têm que sofrer, quando segurar a bola e quando fazer pressão”. Foi assim que conseguiram jogadas extraordinárias. Argentina e Brasil podem fazer o mesmo. Juntos representam a 5ª economia do mundo, atrás apenas da China, dos EUA, da Índia e do Japão e à frente da Alemanha, Inglaterra e outros 185 países. “Quem não sabe para onde vai, não há vento que o leve.” Sem uma estratégia adequada, uma partida pode ser caótica. Da mesma forma, um governo, ou uma parceria entre países, que não tem clareza sobre seus objetivos, não consegue avanço. La Scaloneta mostrou que tinha uma estratégia de jogo clara e que todos os jogadores a conheciam, e isso se refletia em campo.
A seleção argentina teve um objetivo bem definido, que era de se consagrar como campeão do mundo. Os dois países podem projetar em atuar como um bloco integrado ocupar espaços no mundo. Se bem sucedidos, podem ambicionar em se fusionar com o outro bloco sul americano, a Aliança do Pacífico. “Persevera e triunfarás.” A imagem de Messi levantando a taça da Copa do Mundo percorreu o mundo. Mas esse momento mágico foi resultado de um longo trajeto de muitos sacrifícios. Treino, disciplina e preparação física são fundamentais. Talento é importante, mas sozinho não dá resultado. “O fracasso não é o fim, mas o marco do recomeço”. Após perder para a Arábia Saudita, no primeiro jogo, quando o time estava a 36 jogos sem perder, a Scaloneta deu a volta por cima. Mostrou como é fundamental não perder a vontade de vencer e manter o objetivo. A relação Argentina Brasil teve muitos altos e baixos, agora está em alta, é hora de avançar. Eles nos mostraram como continuar chutando para o gol até o último segundo. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Desde o descobrimento, Brasil e Argentina ficaram voltados para a Europa, com momentos de aproximação e de distanciamento. A relação de irmandade foi forte em momentos de crise. Na guerra do Paraguai, Argentina socorreu o Brasil para enfrentar a invasão externa. Pouco mais de um século depois, o Brasil apoiou e ajudou a Argentina na guerra das Malvinas.
A integração entre os dois avançou em várias frentes como educação, cultura, turismo e pesquisa. Entretanto, na economia, registram-se poucos desenvolvimentos. Mas isso parece mudar agora com propostas de uma integração maior e a criação de mais uma moeda comum, o sur. Urge a criação de duas agendas. Uma de integração, com medidas para facilitar os trâmites alfandegários e a mobilidade de trabalhadores. A outra é a de expansão, que é a criação de uma pauta de ações externas comuns para a inserção externa mais conveniente. Pra frente, Argentina e Brasil!