Fundação Príncipe Albert II de Mônaco convoca os brasileiros a lutar pelo planeta
A instituição, agora com filial no Brasil, financiará programas de preservação no país
Para fortalecer sua presença na América Latina – uma região que é particularmente exposta ao desmatamento e à perda de biodiversidade – a Fundação Príncipe Albert II de Mônaco abriu oficialmente sua décima primeira filial no dia 4 de maio de 2023. Desde que foi criada em 2006, a Fundação apoiou 24 projetos em 10 países latino-americanos. Como Cônsul Honorário de Mônaco, eu, Arnoldo Wald fui escolhido pelo próprio soberano para presidir esta nova filial, sediada em São Paulo – que tem a Wald, Antunes, Vita e Blattner Advogados como sede – e composta por três órgãos de governo: um conselho de administração, que é responsável pelo planejamento estratégico e gestão da filial; um comitê de desenvolvimento, um órgão consultivo encarregado de aumentar o impacto de sua ação; e um comitê honorário não consultivo, cujo principal objetivo é comunicar os objetivos, atividades e projetos da filial em nível nacional e internacional. Os principais objetivos do ramo são mitigar os efeitos das alterações climáticas, promover a utilização e o desenvolvimento das energias renováveis, proteger a biodiversidade, incentivar uma gestão sustentável dos recursos hídricos e combater a desertificação dos ecossistemas terrestres. Em 2024, a filial brasileira iniciou oficialmente suas atividades, reforçando o compromisso global com a proteção ambiental. No Brasil, sua atuação se concentra em iniciativas de prevenção de incêndios florestais e proteção da biodiversidade na Amazônia.
Em outubro, realizamos um jantar especial para anunciar os trabalhos da Fundação no país e pudemos reunir grandes nomes da política e do empreendedorismo para estar a par e contribuir com os projetos. “É com imensa alegria que estou hoje diante de todos vocês, na Residência do Cônsul de Mônaco, para celebrarmos juntos a nova filial da Fundação Príncipe Albert II de Mônaco aqui no Brasil. Desde a sua criação em 2006 por Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Alberto II, a nossa Fundação continua a se bater pela proteção do ambiente, trabalhando pela preservação da biodiversidade, pela luta contra os efeitos das alterações climáticas e pela gestão sustentável dos recursos naturais. Neste ano de 2024 demos um passo importante ao estabelecer uma posição mais forte na América Latina e, em particular, aqui, no Brasil, um país com uma biodiversidade excepcional e grandes desafios ambientais. Por que o Brasil? Porque este país privilegiado, com o seu inestimável património natural e tantos ecossistemas únicos é ao mesmo tempo um tesouro para o planeta e um local onde as ameaças ambientais são onipresentes. Amazônia, Cerrado, Pantanal – todas estas regiões enfrentam desafios urgentes como o desmatamento, a perda da biodiversidade e os efeitos das mudanças climáticas. O Brasil desempenha um papel crucial no equilíbrio ecológico global e é aqui que devemos concentrar grande parte dos nossos esforços se quisermos realmente fornecer soluções à escala global. A nossa presença aqui em São Paulo, não é simplesmente simbólica. Demonstra um desejo de ação concreta. Desde a sua criação, a Fundação financiou cerca de trinta projetos na América Latina; a filial brasileira da Fundação pretende apoiar ainda mais projetos locais em colaboração com cientistas brasileiros, agentes econômicos nacionais, ONGs locais e comunidades indígenas, queremos participar na preservação da imensa riqueza natural deste país, ao mesmo tempo que incentivamos o desenvolvimento sustentável que beneficie as populações locais. As nossas ações, aqui como noutros lugares, se centram no equilíbrio entre a proteção ambiental e a prosperidade econômica. Acreditamos firmemente que a preservação do ambiente não pode ser feita em detrimento do bem-estar dos cidadãos e é por isso que apoiamos projetos que aliam o respeito pela natureza e a criação de valor económico sustentável. Temos a sorte de estar rodeados esta noite por pessoas visionárias, apaixonadas e prontas para enfrentar os desafios do amanhã. Gostaria de agradecer a cada um de vocês pelo comprometimento e pelo apoio. Juntos temos a oportunidade de fazer uma diferença real. Parece-me também essencial referir que este lançamento surge num momento estratégico, uma vez que a COP 30 terá lugar em Belém, em novembro de 2025. O Príncipe Soberano Albert II do Mónaco e a sua Fundação estarão naturalmente presentes neste grande evento global para continuar a defender medidas ambiciosas e promover as ações concretas que estamos a tomar no terreno. Esta noite, é uma aliança para o futuro que celebramos. O Soberano Príncipe Albert II de Mônaco e sua Fundação estão convencidos de que graças a esta nova filial brasileira, poderemos não apenas fortalecer o nosso impacto na conservação ambiental, mas também abrir novas oportunidades de cooperação e de inovação em questões de desenvolvimento sustentável” – afirmou o príncipe Charles-Philippe d’Orléans, vice-presidente-executivo da filial da América Latina, em seu discurso na ocasião.
Com o príncipe Albert II planejando visitas ao Brasil, os próximos passos da fundação incluem fortalecer parcerias locais e internacionais. A cerimônia de inauguração da filial, em São Paulo, marca um novo capítulo nos esforços da fundação em apoiar projetos ambientais no país.
A Fundação
Reduzir os efeitos das mudanças climáticas e proteger a biodiversidade e os recursos hídricos são tarefas que não conhecem fronteiras. Ligado por essa crença, S.A.S. o Príncipe Alberto II de Mônaco trabalha incansavelmente para facilitar a implementação de ações concretas visando construir um mundo mais justo, mais inclusivo e mais respeitoso com toda a vida na Terra. Por meio de seu Governo e sua Fundação, o Príncipe Soberano, cujo compromisso determinado foi reconhecido por anos, trabalha com inúmeras figuras — chefes de estado, líderes empresariais, cientistas, filantropos, membros da sociedade civil — para o reconhecimento e respeito aos direitos ambientais.
O trabalho da Fundação Príncipe Albert II de Mônaco no Brasil ressalta a interconexão crítica entre a proteção ambiental e o desenvolvimento global sustentável. Ao valorizar a biodiversidade e a inovação energética, a fundação visa inspirar outras nações a seguirem práticas ecológicas responsáveis. Neste contexto, o Brasil possui um papel único, não apenas como guardião de sua própria biodiversidade, mas também como líder em práticas de sustentabilidade que podem influenciar políticas globais. As ações propostas e implementadas pela fundação refletem um compromisso coletivo para enfrentar os desafios ambientais do nosso tempo.
Os trabalhos já estão em andamento
Além de estabelecer projetos de conservação, a fundação também incentivará a pesquisa científica, oferecendo bolsas de doutorado, destacando a importância da educação e pesquisa na busca por soluções sustentáveis para desafios ecológicos globais.
No dia 23 de outubro, a Universidade de São Paulo e a Fundação Príncipe Albert II assinaram uma carta de intenções para o oferecimento de três bolsas de estudo para estudantes de Doutorado da Universidade e fomento a pesquisas nas áreas de sustentabilidade e meio ambiente. Na USP, as bolsas de doutorado terão a duração de três anos e deverão ser alocadas, a partir de 2025, nos três Centros de Estudos criados pela Reitoria voltados para a área de desenvolvimento sustentável: o Centro de Estudos Amazônia Sustentável, coordenado pelo professor do Instituto de Física (IF) Paulo Eduardo Artaxo Netto; o Centro de Agricultura Tropical Sustentável, coordenado pelo professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) Durval Dourado Neto; e o Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical, coordenado pelo também professor da Esalq, Carlos Eduardo Pellegrino Cerri. Além do trabalho desenvolvido nos três Centros de Estudos, o reitor também falou sobre uma das linhas de pesquisa, sobre Oceanos, desenvolvida pelos pesquisadores do Centro Internacional de Pesquisa do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica da França), com sede na USP. “A sustentabilidade é uma das áreas às quais temos dado ênfase nesta gestão. Criamos os Centros de Estudos, que são interdisciplinares; estamos trabalhando na transição energética e na produção de energia fotovoltaica nos campi”, afirmou Carlos Gilberto Carlotti Junior.
No dia seguinte, a Fundação reuniu-se com dirigentes da FAPESP para discutir possibilidades de colaboração em pesquisas ambientais na América Latina. O presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, apresentou os programas BIOTA, voltado a apoiar estudos sobre biodiversidade; BIOEN, com foco em bioenergia; de Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); e PROASA, sobre o Atlântico Sul e a Antártica. “No caso do BIOTA, além de ampliar o conhecimento em biodiversidade, ele tem um caráter importante de influenciar a formulação de políticas públicas. Já no PROASA, que é o programa mais recente entre os apresentados, estamos trabalhando ao lado de pesquisadores argentinos e uruguaios, visto que a quantidade de dados disponíveis sobre o Atlântico Sul é surpreendentemente escassa em comparação, por exemplo, com o Atlântico Norte”, disse Zago. “Portanto, há uma perspectiva muito favorável. Cobrimos todas as áreas, mas talvez seja possível encurtar caminhos começando com a pesquisa oceanográfica e os aspectos de biodiversidade. Há também outra possibilidade, mais robusta, de criar institutos internacionais, como o Centro Internacional de Pesquisa Worlds in Transitions, uma parceria entre a USP [Universidade de São Paulo] e o CNRS [Centre National de la Recherche Scientifique, da França]. Ou o Institut Pasteur de São Paulo”, contou. Também participaram da reunião José Góis Chilão e Paulo Hime Funari, respectivamente coordenador e secretário da Fundação Príncipe Albert II de Mônaco. Por parte da FAPESP estiveram presentes: Fernando Menezes, diretor administrativo; Connie McManus, gerente de Colaborações em Pesquisa; Raul Machado Neto e Claudia Toni, assessores da Presidência; e Nadége Mézié, assessora da Gerência de Colaborações em Pesquisa.