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Valter Suman – um homem à frente de seu tempo atua no desenvolvimento da cidade do Guarujá

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Médico gastroenterologista da rede pública de Guarujá há mais de 30 anos, Válter Suman (PSB) foi reeleito prefeito de Guarujá em 2020, no primeiro turno, com a maior votação da história da cidade: 112.672 votos, o equivalente a 75,6% dos eleitores. Casado com a advogada Edna Suman e pai dos médicos Válter Suman Júnior, cirurgião oncologista, e Lucas Suman, cardiologista, Válter Suman foi fundador do Programa de Internação Domiciliar (PID) do município na década de 1990. Conhece cada canto de Guarujá, já atendeu diversos pacientes e salvou muitas vidas. Em 2004, foi eleito pela primeira vez vereador, reeleito em 2008. Em 2016, chegou à cadeira mais importante do Paço Municipal Moacir dos Santos Filho pela primeira vez. A partir de então, começou um importante trabalho de reconstrução da imagem da cidade, bastante desgastada tanto com munícipes quanto com turistas. Dono de um espírito empreendedor e proativo, fez diversas intervenções nos setores mais importantes da cidade logo no início do governo. Com olhar atento para as pessoas, um de seus primeiros projetos foi a nova UPA da Rodoviária, que foi completamente reestruturada, e a implantação do Pronto-Socorro Infantil de Vicente de Carvalho. Como a cidade pretende retomar com força total seu lugar nos roteiros turísticos pós-pandemia, ele se preocupou em retomar projetos estagnados como o Conjunto Parque da Montanha. O local tinha esqueletos de concreto e estava abandonado há mais de 10 anos, e ele já entregou 330 das 574 unidades habitacionais previstas em sua primeira fase. É atualmente o maior projeto habitacional em execução na Baixada Santista. No Cantagalo, mais de 400 unidades já foram entregues, dentro do Projeto Enseada, de um total de 1.060 previstas. E as obras não param. Outra medida de impacto foi a retomada do parque público de iluminação, que se encontrava bastante deteriorado. Hoje, já são mais de 15 mil novos pontos de iluminação em todas as regiões de Guarujá, tanto na orla quanto nos bairros. E tudo com lâmpadas de LED, que iluminam mais e consomem menos energia. O prefeito da cidade de Guarujá está olhando para as necessidades locais e também está atento ao cenário macro, objetivando o crescimento da cidade e investimentos futuros. Foi com esse espírito que ele nos concedeu a entrevista. Conheça um pouco mais do que pensa e como age este gestor público.

The Winners – O senhor sempre teve uma carreira sólida como médico e foi fundador do Programa de Internação Domiciliar (PID) do município na década de 1990. Em que momento ser atuante na política municipal se tornou um objetivo e por quê?

Valter Suman – Minha militância política deriva da minha atuação profissional como médico de família e da minha indignação diante das diferenças e indiferenças impostas às pessoas em situação de vulnerabilidade social. Chega o momento em que, diante de tantas frustrações e miséria sendo encaradas como um processo de mimetismo cruel e natural, geração após geração, você começa a se ver diante de uma encruzilhada que te dá duas opções: ignorar e fingir que aquilo não te toca ou arregaçar as mangas e tentar fazer diferente. E assim nasceu o meu desejo de buscar, na política, desatar esses nós que impedem os mais vulneráveis de acessar direitos básicos.

 

TW – Antes de ser prefeito da cidade de Guarujá o senhor foi vereador. De que forma a atuação no Legislativo possibilitou a concretização de ações em benefício da cidade?

VS – Sempre procurei, como legislador, cobrar e incentivar o Poder Executivo a olhar com mais carinho pelos menos favorecidos, que necessitam tanto de atenção básica em saúde, capacitação, acesso ao mercado de trabalho etc. Em 2005, por exemplo, foi aprovado um projeto de lei de minha autoria que criou o Conselho e o Fundo Municipal de Turismo. Essa é uma das indústrias que mais emprega na cidade e precisa ser impulsionada. Outra trincheira minha sempre foi a defesa de uma saúde de qualidade, de um poder público acolhedor e capaz de garantir direitos básicos em diversas áreas. Isso sempre norteou meu trabalho como legislador e é uma das grandes características do meu trabalho como prefeito.

 

TW – Nas eleições de 2020 foi reeleito prefeito de Guarujá no primeiro turno, com a maior votação da história da cidade: 112.672 votos, o equivalente a 75,6% dos eleitores. Como o senhor avalia esta aprovação popular?

VS – É fruto do trabalho desenvolvido ao longo do nosso primeiro mandato. Em 2017, promovemos um grande choque de gestão para recuperar a imagem da cidade perante o morador, o turista e o veranista. Herdamos dívidas de gestores anteriores com fornecedores na casa dos R$ 200 milhões, mas honramos tudo e hoje estamos com a cidade no azul. Assumimos um parque de iluminação destruído e hoje a cidade tem mais de 15 mil pontos de iluminação em LED; ampliamos o efetivo da Guarda Civil Municipal, que hoje também é armada; revitalizamos unidades de saúde e escolas, que foram praticamente reconstruídas; criamos o Pronto-Socorro Infantil de Vicente de Carvalho; resgatamos projetos quase perdidos, como o Conjunto Habitacional Parque da Montanha, que estava há mais de 10 anos paralisado e já entregamos quase 500 unidades; pavimentamos mais de 100 km de vias e estamos com obras de infraestrutura urbana em todos os bairros; fizemos o enfrentamento no transporte coletivo, que resultou numa nova empresa concessionária do serviço e que vem prestando um serviço de excelência. O resgate do Fundo Social de Solidariedade, que estava abandonado, com prateleiras vazias quando assumimos, é um capítulo à parte. Só de 2020 para cá já foram distribuídas aproximadamente 100 toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade, graças às recorrentes campanhas de arrecadação, de diversas naturezas, que são organizadas pela presidente, minha esposa, Edna Suman. A população reconheceu esse esforço e respondeu com essa expressiva marca de maior votação da história de Guarujá.

Letreiro na orla da Praia das Pitangueiras, consolidação da imagem do Guarujá e o sentimento de pertencimento para moradores e turistas

TW – O litoral do Estado de São Paulo já foi um foco do turismo por muitas décadas. Com o passar dos anos o perfil dos investidores do setor mudou, e as cidades litorâneas no estado começaram a ter dificuldades em se manter nos roteiros turísticos. Como é estar à frente de uma cidade com potencial turístico em um cenário tão controverso?

VS – No mundo todo, o turismo precisou se reinventar com o advento da pandemia. O grande desafio será a retomada, e o turismo é a nossa grande aposta. Mas Guarujá sempre se manteve como referência quando o assunto é turismo. Somos um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil, conforme plataformas de locação de imóveis e entidades do setor. Temos uma das maiores ofertas de leitos de hospedagem do sudeste brasileiro, inclusive nesse momento estamos realizando um amplo trabalho de atualização do quantitativo desses leitos.

 

TW – Devido à vocação turística do município, o plano diretor da cidade é focado no setor? Quais outras ações são necessárias em uma cidade como o Guarujá que não são percebidas pela maioria das pessoas?

VS – Guarujá tem um plano diretor específico para o setor de turismo. Ele prevê medidas de curto, médio e longo prazo para ampliar e acelerar o desenvolvimento do setor. Essas medidas abrangem desde a organização do setor em sua base e considerando seus diferentes potenciais, como o sol e a praia, o turismo náutico, o ecoturismo, entre outros. Estamos trabalhando intensamente, especialmente nesse período pandêmico, em que as atividades do setor estão prejudicadas, para agilizar essas ações.

 

TW – Em 2020, Guarujá enfrentou duros desafios, que exigiram superação e um amplo trabalho de gestão de crise. Primeiro, em março, uma tempestade despejou sobre a cidade 405 mm de chuva em 72 horas, volume de água que corresponde a duas usinas de Itaipu, a segunda maior usina hidrelétrica do mundo. O resultado: deslizamentos registrados em todos os morros da cidade e o triste saldo de 34 vítimas fatais. Como é possível se preparar para evitar novas catástrofes como esta? O que depende do poder público?

VS – As mudanças climáticas são as grandes responsáveis por esses episódios fora da curva. Cabe ao poder público investir para minimizar ao máximo os impactos. Em Guarujá, estamos fazendo a nossa parte. A cidade tem um passivo histórico, de décadas, fruto da ocupação desordenada. Estamos trabalhando para diminuir, mas não é num estalar de dedos que resolveremos. Temos medidas sendo desenvolvidas: além do Parque da Montanha, que é o maior projeto habitacional em execução na Baixada Santista, temos outras ações, como o Projeto Enseada/ Cantagalo, que já entregou 400 unidades e segue em andamento, projetos com parceria com a CDHU, como o Litoral Sustentável e suas 900 unidades para pessoas que moram em áreas de risco, as 240 moradias que serão custeadas pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) para famílias nessa mesma situação, entre outras iniciativas.

Mirante das Galhetas é a nova atração turística da Cidade

TW – Outra crise enfrentada foi a pandemia da covid-19. Como médico, certamente, seu olhar foi diferenciado ao problema. Como a cidade do Guarujá enfrentou esta questão?

VS – Nós já tínhamos um plano implementado na cidade no setor de saúde que ajudou muito a gestão da crise. Em fevereiro de 2020, criamos o Plano de Assistência ao Paciente com Sintomatologia Respiratória, quando ainda não havia sequer um caso de covid-19 registrado no Brasil. O plano definiu diretrizes aos profissionais de saúde, além de orientações e encaminhamento de pacientes, sendo pioneiro em São Paulo. A partir de então, foram tomadas diversas medidas de enfrentamento, como a instalação de um dos primeiros alojamentos para pessoas em situação de rua do país, no Ginásio Tejereba, até os chamados complexos de triagem, nas principais UPAs da cidade, para segregar os casos suspeitos de pacientes comuns. Guarujá também foi a única cidade do Brasil a montar um hospital de campanha em uma base militar, na Base Aérea, com 70 leitos, sendo 20 de UTI. O resultado dessa gestão de excelência foi a recuperação da imagem de Guarujá como um destino turístico e também como um bom lugar para se viver e criar os filhos.

 

TW – É de conhecimento público que as cidades turísticas foram as mais afetadas com a pandemia da covid-19. Quais ações merecem destaque na cidade do Guarujá e como está prevista a retomada do setor na cidade?

VS – Esse período de paralisação foi aproveitado para arrumar a casa e articular ações capazes de preparar o terreno para a retomada total, quando isso for possível. Entregamos novos pontos turísticos como o Píer da Gávea e o Mirante das Galhetas, pontos de contemplação das nossas belezas naturais; retomamos o Farol do Itapema, patrimônio histórico da nossa cidade; iniciamos projetos estratégicos como a construção de banheiros públicos e duchas nas nossas principais praias, entre outras obras de interesse turístico. Isso sem esquecer da contratação da Infraero para tirar do papel o projeto do Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá, cujo primeiro voo comercial é esperado ainda para 2021.

 

TW – Em uma crise sanitária, naturalmente, os investimentos são direcionados para a saúde. No entanto, para manter o crescimento das cidades é necessário o investimento em infraestrutura. Para um gestor público, qual a maior dificuldade em equilibrar o orçamento? Como esta ação foi feita em sua gestão?

VS – É o grande desafio do gestor público. Governar é tomar decisões que nem sempre vão agradar a todos, mas que, acima de tudo, vão garantir o respeito aos direitos individuais e coletivos. A pandemia, inclusive, foi um grande exercício nesse sentido. Apesar da pandemia, não registramos queda de arrecadação ao final de 2020. Conseguimos manter o equilíbrio das contas com muita dificuldade e cortando na carne, com medidas de austeridade, como renegociação de grande parte dos contratos do município e congelamento dos salários de servidores comissionados, por exemplo. O mundo vive um momento atípico e exigiu do gestor público grande habilidade, planejamento e tomadas de decisão rápidas para adaptação e evitar o colapso financeiro. Procuramos fazer a nossa parte e nenhuma ação, seja qual for a área, foi completamente interrompida.

TW – Dentre as ações de infraestrutura, o Aeroporto de Guarujá já está em processo de licenciamento por parte da Infraero, com o primeiro voo programado ainda para 2021, um sonho antigo de muitos setores. Quais os benefícios deste projeto para a cidade e a região?

VS – A Infraero, empresa pública federal referência no setor, foi contratada pela Prefeitura para a elaboração do projeto de implantação do Aeroporto de Guarujá. A ideia é que ainda em 2021 o aeroporto seja autorizado pela Anac a iniciar operações de aeronaves civis de pequeno porte. Em 2022 está prevista a reforma total da pista. O novo aeroporto será uma importante vertente para uso da infraestrutura existente na cidade, que já é atendida pelos modais de transporte marítimo, terrestre e ferroviário. Também terá um impacto positivo na eficiência do turismo na Baixada Santista inteira, não só em Guarujá.

 

TW – Assim como outras cidades do litoral paulista, Guarujá tem vocação para o setor de petróleo e gás. Como o setor é trabalhado pela gestão atual e quais os investimentos do setor na cidade que podem beneficiar a população?

VS – Queremos transformar Guarujá na porta de entrada e saída das atividades de petróleo e gás natural no Estado de São Paulo. Em 2020 assinamos um Protocolo de Intenção com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima) para facilitar investimentos e desenvolver um polo de empresas no município. Já temos grandes fornecedores de serviços especializados e de alta tecnologia para o setor e a meta é ampliar ainda mais esse mercado. A proposta é desenvolver o Complexo Industrial e Naval de Guarujá (Cing), que possui áreas vocacionadas e acesso estratégico na entrada do canal do estuário. É um setor com grande potencial de crescimento e gerador de oportunidades de trabalho qualificadas e com bom poder aquisitivo.

 

TW – Em um cenário com tantos desafios para empresários, como o gestor público precisa agir para garantir os investimentos e manutenção das empresas na cidade?

VS – Estamos ampliando o suporte ao empreendedor pelos canais de atendimento presencial e digital. Implantamos o alvará digital, que reduziu em 50% do prazo para emissão da inscrição municipal, além de reforçar nossas equipes do Banco do Povo Paulista. Um estudo mercadológico que visa entender o perfil dos investidores na cidade está em execução e um grupo de trabalho estuda a modernização da legislação municipal que vai auxiliar aqueles que já estão em atividade e também atrair novos investimentos. Tudo isso sem perder o foco no fortalecimento das micro e pequenas empresas. Estamos executando o maior programa de capacitação empreendedora da história do município com a proposta de promover mais de 130 cursos, oficinas, workshops e treinamentos profissionais ao longo do ano, todos gratuitos, em uma parceria inédita com o Sebrae SP.

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