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Arno Gleisner: Diretor da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra)

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Não é só de commodities que se faz bons números na balança comercial. Quanto mais a indústria tem condição de oferecer produtos, seja na área da transformação ou manufaturados, além de bons acordos comerciais, mais o país cresce. Mas a era da indústria no Brasil parece que ficou no passado, porque nos últimos dez anos 10 mil indústrias fecharam as portas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O panorama do comércio exterior brasileiro indica que há muito potencial para exportação de commodities, mas o restante da indústria precisa renascer.

A pandemia agravou o problema, mas agora, em linhas gerais, a análise é de que a crise sanitária global mostrou que é importante que os países tenham condições de trabalhar sua industrialização e logística, seja para abastecer melhor o mercado interno ou para exportar aos vizinhos, que estão mais próximos. Em duas entrevistas com especialistas, a Economy&Law explica qual é o cenário atual das exportações brasileiras, barreiras e soluções que precisam ser estudadas e aplicadas, para ontem, para agilizar a reindustrialização do país. Falaram para a Red Pages José Augusto de Castro, presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB) e Arno Gleisner, diretor da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra).

The Winners Economy&Law – O senhor acredita que o país precisa passar por um processo de reindustrialização?

Arno Gleisner – O país tem esta oportunidade, decorrente da clara intenção dos compradores, particularmente no continente americano, em obter fornecedores mais próximos e mais confiáveis, pelo menos como alternativa para parte de seus suprimentos. Este movimento foi consequência das grandes dificuldades na disponibilidade, logística e aumento de custos, com desorganização das cadeias produtivas, ocorrida na pandemia e posteriormente com a guerra na Ucrânia. A desconfiança em poucos e distantes fornecedores certamente se manterá, com a consideração de que outras crises poderão ocorrer. 

 

TWE&L – Como isso deve ser feito? 

AG – A existência do cenário que mencionamos já é um fator favorável. Para apressá-lo, espera-se que organizações como a Apex [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] e entidades associativas e sindicais incluam esta oportunidade nos seus programas de treinamento e promoções de exportações. As câmaras bilaterais também têm um importante papel a contribuir. Mais particularmente, a Cisbra já está efetuando um trabalho de informação, conveniente para que os exportadores efetivos e potenciais tomem conhecimento das novas possibilidades, assim como planeja um programa mais aprofundado em parcerias com entidades norte-americanas.

 

TWE&L – O senhor acha que o Brasil está atrasado na implementação de tecnologia na indústria?

AG – Em muitos setores, não está atrasado, não. Já são competitivos na fábrica, na manufatura. O problema pode estar na logística, entre as fábricas e os portos. Em outros, sim, está atrasado e um volume maior nas exportações ajudará a dar a economia de escala que contribuirá para atrair os investimentos necessários. Podemos supor que as indústrias mais atrasadas são aquelas em que a economia de escala é menor ou que sofrem maior efeito das deficiências na logística,
resultando numa menor capacidade de investimento. Naquelas em estes fatores são pouco significativos e a capacidade de investimento e de retorno é maior, o avanço de atualização da tecnologia deve ser maior. No caso das multinacionais, que têm uma parcela importante na exportação brasileira, as decisões de investimento podem ser mais relacionadas à diferença.

TWE&L – Sobre os impostos, que são inúmeros no país. O que deve mudar para apoiar empresas que hoje não correm atrás para exportar seus produtos por causa da burocracia e dos impostos?

AG – A burocracia é um problema brasileiro que adiciona custos que não deveriam existir, embora na exportação já tenha havido uma boa implementação da digitalização dos processos de liberação de mercadorias, aumentando nas aduanas a velocidade com eficiência e segurança. Um obstáculo ainda é a ação de corporações que buscam seus objetivos dificultando o fluxo de mercadorias, como a operação padrão em curso já há mais de meio ano. A Cisbra tem proposto soluções alternativas para resolver esta questão. Já os impostos não se aplicam diretamente nas exportações, mas, sim, nos insumos necessários para a produção. O Brasil já tem mecanismos que amenizam esta carga, como o drawback e o Redex [Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação]. Recentemente mudou a legislação das ZPEs, as zonas de processamento de exportações, que a Cisbra tem procurado divulgar e apoiar, assim como também o faz com os bons centros unificados de fronteiras terrestres.  A soma dos custos antes mencionados, incluindo tributos, burocracia e logística, que se somam no custo Brasil, é bem conhecida pelos empresários e pelas autoridades competentes, que em conjunto procuram soluções, que são conhecidas, mas de implementação menos veloz do que seria desejado, por razões legais, corporativas e de recursos orçamentários.

 

TWE&L – Segundo o IBGE, em um período de 10 anos, de 2011 para 2020, a indústria brasileira perdeu quase 10 mil empresas e metade do corte se concentrou em três atividades – artigos de vestuário e acessórios, artigos de couro, para viagem e calçados, e produtos de metal. São produtos que a China passou a exportar mais para o Brasil? Que avaliação o senhor faz disso? 

AG – Sim, as três atividades foram atingidas pela grande competitividade da China, e depois, somada com as importações brasileiras de outros países como Vietnã e Bangladesh. Creio que logo teremos notícias da recuperação destes setores no mercado nacional e parcialmente nas exportações. No mercado nacional, a recuperação deve ocorrer pela reversão parcial da intensa globalização que ocorreu nas últimas décadas. O novo cenário estimula a procura de alternativas locais. É muito provável que as cadeias produtivas se reorganizem nos próximos meses, mas a desconfiança dos compradores de que novas crises surgirão, levará a que pelo menos parte dos produtos importados venha a ser comprada internamente. Já na exportação, trata-se do mesmo raciocínio por parte dos compradores dos países mais próximos.

 

TWE&L – Por outro lado, esses mesmos dados do IBGE mostram que aumentou a indústria alimentícia. Por quê? 

AG – Nesse caso, os insumos brasileiros são mais abundantes, com menores custos relativos e menos incidência de impostos.

 

TWE&L – As exportações brasileiras na América do Sul, porém, vêm crescendo. Tem mais espaço para avançar na América Latina?

AG – Sim, os compradores sul-americanos certamente levarão em consideração o cenário de maior confiabilidade em compras no Brasil, como acima exposto. O abastecimento dos países sul-americanos deverá refletir as consequências da desorganização das cadeias produtivas decorrentes da pandemia e da guerra na Europa. A maior proximidade e ausência de complicações logísticas e de maior instabilidade é uma condição que pelo menos em parte das compras das empresas dos países vizinhos.

 

TWE&L – O Mercosul não poderia se articular para estimular mais trocas comerciais? 

AG – Poderia. Além do aprofundamento dos acordos com outros grupos ou países, alguma ação conjunta de seus membros poderia trazer resultados positivos.

 

TWE&L – A Argentina é o país mais importante em acordos comerciais do Brasil na América Latina. Qual é o impacto da crise lá para nós aqui? 

AG – A crise argentina, reduzindo o consumo e agravando questões de logística como falta de diesel para o transporte, é um fator negativo para o Brasil. Porém é um grande país e certamente terá a sua crise superada com o tempo.  A Argentina é um dos principais mercados do Brasil. Mas é em boa parte um mercado de duas mãos. Por exemplo, no setor automotivo, há um fluxo de peças exportadas do Brasil para a Argentina, onde ocorre a montagem de veículos, que em grande parte são importados pelo Brasil, portanto um grande fluxo que depende mais do mercado brasileiro que do argentino. O impacto da crise na Argentina é importante, mas atenuado pelo fator mencionado e por não ser mais o primeiro mercado de exportação do Brasil.

 

TWE&L – Qual é a primeira tarefa que o próximo governo precisa fazer para ampliar o comércio do Brasil na América do Sul? Isso depende da economia de modo geral, mas o que pode ser feito? 

AG – Em minha opinião, no curto prazo ações da Apex e da diplomacia, e soluções nas aduanas e nos acordos bilaterais, como na legislação em comum das agências de controle de alimentos. No médio e longo prazo, soluções para a logística, como os corredores bioceânicos, algumas pontes e comunicações.

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