Diversidade e Inclusão na Pauta ESG
Texto de Jandaraci Araújo, Conselheira de Administração e cofundadora do Conselheira 101. É conselheira emérita do Capitalismo Consciente Brasil. Foi Subsecretária de Empreendedorismo e Diretora do Banco do Povo em São Paulo (2019-2020)
Se a sociedade é essencialmente heterôgenea, por que as organizações insistem em ser homogêneas? Como uma empresa pode ser competitiva, inovadora e longeva, sem a ebulição de pensamentos diversos propondo soluções disruptivas? E como a pauta de diversidade e inclusão se conecta com os parâmetros de ESG? Para começar empresas são feitas de pessoas e para pessoas. Empresas dos mais variados setores já entenderam que ações de diversidade e inclusão são necessárias para o sucesso e resiliência dos negócios. Por um lado os “clientes” atentos, e cada dia mais engajados em consumir ou se relacionar com empresas éticas e com propósito claro. De outro lado, os investidores valorizando não apenas o lucro, mas também o impacto social e ambiental das empresas investidas. Trata-se ESG (Enviromental,Social and Governance) na prática, as três letrinhas que viraram trend topics quando o assunto são investimentos sustentáveis. O tema da diversidade abarca tanto o pilar Social, quanto o de Governança. Sob a perspectiva do Social, ações de diversidade e inclusão ajudam no cumprimento de três dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável): objetivos 5 (Igualdade de Género), 8 (Trabalho Digno e Crescimento Económico) e 10 (Redução das Desigualdades). No pilar de Governança, é a composição e diversidade do conselho de administração que contempla a importância da adoção de uma agenda alinhada gera uma série de impactos positivos para os negócios além de atrair investidores. As estratégias de diversidade e inclusão geram valor no curto, médio e longo prazo. Empresas compostas por pessoas com perspectivas diferentes proporcionam a inovação disruptiva, que diferentes origens e backgrounds catalisam. Ainda, segundo o estudo DDI, empresa de análise e pesquisa, e a Ernst & Young (EY) mostra que as empresas que tiveram 30% de diversidade de gênero – e mais de 20% no nível sênior – apresentaram melhores resultados financeiros na comparação com as demais.
Onde há diversidade significativa, é 1,4 maior a chance de crescimento sustentado e lucrativo. E a pergunta que não quer calar é: O que falta para termos mais diversidade em todos os níveis da organização, desde o nível mais básico ao conselho de administração? Estamos em um caminho que não permite retrocesso ou práticas como o “diversity washing”. Diversidade é inovação, inclusão é perpetuidade. Não há mais tempo para procrastinar nessa agenda, o momento é agora.