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Tirso Meirelles – a liderança do agronegócio paulista na condução ao futuro

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Tirso Meirelles é natural da capital de São Paulo, mas tem profundas raízes no interior paulista, em especial nas regiões de Franca e Ribeirão Preto, berços de seus pais, Fábio de Salles Meirelles e Ivelle de Lacerda Meirelles. Economista, administrador de empresas, jornalista, agropecuarista, especialista em Administração de Empresas e em Políticas Públicas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), atualmente é presidente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do estado de São Paulo (SEBRAE- -SP) e vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de São Paulo (SENAR-SP). Meirelles é um profundo conhecedor da importância da atuação integrada de todos os setores da sociedade para o desenvolvimento pleno do cidadão. Tornou-se, ao longo da vida, um defensor do produtor rural, a quem atribui o sustento da economia do País com “trabalho diuturno de produção de alimentos, garantindo o abastecimento nacional e internacional e, desta forma, a segurança alimentar”. Entre as principais bandeiras estão o aumento da rentabilidade dos produtores rurais e pequenos negócios, por meio da agregação de valor aos produtos, e políticas públicas tributárias, legislação ambiental e creditícia diferenciadas para produtores rurais e pequenos empresários. Por isso, Meirelles intensificou os projetos de aprimoramento da produção, gestão, ampliação do acesso a inovações tecnológicas e abertura de novos mercados, conectando recursos e conhecimentos das mais diversas entidades. Seu amplo conhecimento do agronegócio e empreendedorismo, unidos ao perfil de articulador que acredita no diálogo como melhor alternativa para construir estratégias de crescimento, tornaram Tirso Meirelles uma liderança no desenvolvimento do agronegócio e do empreendedorismo no estado de São Paulo e no Brasil. Ele atua em ações importantes junto ao governo do estado de São Paulo, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), prefeituras e câmaras municipais, além de entidades de classe, na criação de planos e metas que permitem estabelecer passos concretos para o futuro. Durante a pandemia de covid-19, Meirelles percorreu todo o estado de São Paulo com o objetivo de promover o fortalecimento das cadeias produtivas, identificando possibilidades de ações conjuntas entre produtores rurais e agentes locais para garantir o abastecimento de alimentação ao estado paulista. Sua atuação nesse processo é reconhecida e valorizada por toda a cadeia produtiva e, desta forma, alicerçar o processo de desenvolvimento regional. Além das ações pontuais, compreende – e defende – que as atuações precisam ser amplificadas e acompanhadas de parcerias com lideranças locais e prefeituras em projetos diferenciados que promovam o desenvolvimento regional, os arranjos produtivos, o turismo rural e religioso, a gastronomia, a economia criativa, as compras públicas e uma série de medidas implantadas a partir da união de esforços. Esse olhar atento às necessidades do agronegócio, capaz de conectar pessoas, conhecimentos e recursos, faz de Tirso Meirelles uma das principais lideranças do setor. Confira a entrevista completa.

The Winners – O senhor é de uma família tradicional do agronegócio paulista. Como esse convívio com avós pais, irmãos impactou no seu modo de conduzir suas atividades empresariais e de liderança?

Tirso Meirelles – Você destacou um ponto importante, mas não completo. Sim, sou oriundi de famílias tradicionais do agronegócio, mas o que nos conecta e realmente impactou meu modo de ver o mundo e conduzir minhas atividades é que convivo com pessoas de vanguarda, inovadoras, que sempre buscam o aprimoramento contínuo para fazer mais e melhor, em suma, empreendedoras. Tudo isso lastreado em princípios firmemente enraizados em nós, como a fé em Deus, o respeito, a ética, transparência, governança e a valorização daquele que garante o alimento à mesa. Sou uma pessoa abençoada, ainda mais porque tive a oportunidade de, desde muito cedo, aos 17 anos, estar ao lado de um dos maiores líderes do agronegócio brasileiro, meu pai, Dr. Fábio de Salles Meirelles, e com ele aprender que estar em constante movimento, buscar novas soluções, conectar ideias, pessoas e anseios, estar aberto ao diálogo, pensar a longo prazo e ser disruptivo é a melhor contribuição a ser dada. Com minha mãe e avós, vi de perto o que a força, coragem e determinação das mulheres faz em nossas vidas. Lições de empreendedores realizadores que até hoje me acompanham e ajudam a nortear minhas atividades.

 

TW – Como a atividade conjunta de diferentes entidades, casos da FAESP, SENAR-SP e SEBRAE-SP, podem fortalecer a agropecuária paulista? Que tipo de programas que esta união pode gerar e fazer o setor se desenvolver cada vez mais?

TM – Temos exemplos concretos de como a união das entidades pode ajudar a fortalecer o setor. É o caso dos “Projetos Integrados”, que reúnem o Sistema a FAESP/SENAR- SP, o SEBRAE-SP e a Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo. São 14 projetos de interesse do setor agropecuário paulista, com soluções para implementação em curto prazo, com grande potencial para atender às principais necessidades dos produtores rurais: Retirada da Vacinação contra a Febre Aftosa; Defesa Animal (Brucelose/Tuberculose); Defesa Vegetal; Inspeção do Selo Arte; Código Florestal/CAR/PRA/PRADA; Segurança Rural; Ativação das Casas de Agriculturas no Estado (CATI); Vendas Públicas; Conectividade Rural; Transformação Digital (que inclui o Programa Start Agro, voltado às startups); Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento Regional; Feira do Empreendedor/ Feira do Produtor Rural; Instalação de um Centro Operacional para o atendimento dos Produtores Rurais; e novas Linhas de Crédito do FEAP para perdas referentes à geada e a seca (seguro rural). A aproximação com os municípios acentuou-se inicialmente por meio do Projeto FAESP/SENAR-SP Itinerante e mostrou a importância do desenvolvimento para manter o homem no campo, gerar emprego e renda às famílias rurais e garantir a sustentabilidade das atividades agropecuárias. O Projeto Itinerante foi idealizado pelo presidente do sistema FAESP/SENAR-SP, Dr. Fábio de Salles Meirelles, e ele nos incumbiu de rodar por todo o Estado e promover encontros com diversos sindicatos rurais paulistas, em todas as regiões, para ouvir suas dificuldades e demandas. Com toda a segurança e distanciamento social nesta época de pandemia, levamos aos municípios representantes dos departamentos técnicos, econômico e jurídico da FAESP, juntamente com o SENAR-SP, para que pudéssemos discutir tanto os desafios para abastecer a sociedade, quanto manter a produção agropecuária, emprego e renda no campo. Dessa forma, conseguimos distribuir quatro milhões de máscaras, realizar cerca de 500 mil testagens de Covid-19 (em parceria com a Fiocruz) e arrecadar alimentos para inúmeras famílias com necessidades financeiras. Isso só surgiu porque fizemos o trabalho inverso, indo na fonte para ver as dificuldades inerentes. Desenvolvemos um arranjo efetivo e eficiente nas cidades paulistas para manter a vocação existente, inclusive no artesanato, turismo rural, turismo religioso, etc., de modo a estabelecermos uma política agrícola nos municípios, no Estado e no País. Em tempo recorde para projetos dessa envergadura, nossas qualificadas equipes, com as contribuições das comissões técnicas, apresentaram soluções para implementação em curto prazo, com grande potencial para abrigar as principais necessidades dos produtores rurais dos municípios paulistas. São 100 profissionais trabalhando neste processo e é essencial a participação das prefeituras para que possamos fortalecer a criação de um desenvolvimento sustentável do agronegócio, das cadeias produtivas, da criação das micro e pequenas agroindústrias, inclusive com o Selo Arte, com o objetivo de criar pequenas agroindústrias, e o desenvolvimento potencial de produtos como vinhos, iogurtes, mel e demais setores vocacionados. Além disso ainda apoiamos iniciativas como o “Município AgroSP”, programa do governo estadual de apoio às cidades paulistas para otimizar a gestão de seu território rural, fortalecendo as suas potencialidades e impulsionando o setor agropecuário e sua cadeia produtiva.

 

TW – O senhor está à frente da presidência do Conselho Deliberativo do SEBRAE-SP e da vice-presidência do Sistema FAESP/SENAR-SP neste que é um dos momentos mais desafiadores da humanidade. No ano passado o senhor chegou a criar um novo conceito que ajudou milhares de empreendedores a se transformar – o RESHAPE, que traz a fórmula para encontrar soluções às equações impossíveis que vivemos. Pode nos falar um pouco sobre este conceito inovador?

TM – Sem dúvidas, um dos momentos mais desafiadores porque estava em jogo nosso bem maior: a vida. A pandemia do invisível coronavírus atingiu a todos de maneira inexorável; o que escolhemos fazer desse momento em diante é que vai nos distinguir. Uma das decisões que tomamos no âmbito das duas entidades – que também tiveram que se transformar, digitalizar, acelerar, sempre no respeito às normas e governança – foi de que salvaguardar as vidas dos colaboradores, empresários, produtores e trabalhadores rurais. Ao mesmo tempo, o serviço que prestamos à sociedade é tão vital que decidimos, com todas medidas preventivas, ir até os empreendedores, produtores, lideranças e sociedade e entender de perto, olho no olho, os desafios, as necessidades deles. Rodamos o estado de São Paulo e conseguimos traçar um diagnóstico em que danos e oportunidades foram dimensionados. Baseado nisto, realizamos redirecionamento estratégico das entidades com foco no reshape, uma nova maneira de organizar pensamentos, estratégias, comportamento e ações, seus pessoais e também dos negócios. Os que têm este novo olhar, agem rapidamente sem receio de quebrar paradigmas, de romper com o modelo antigo de negócio e vão em busca das respostas, das soluções para equações impossíveis. Por exemplo, para fazer girar alimentos produzidos no estado de São Paulo e que ficaram represados por conta do lockdown no estado, em março do ano passado, especialistas da Faesp, Senar, Sebrae- -SP, Accenture, Facebook, PagSeguro, Vtex e Yami se reuniram e, em tempo recorde de três semanas, desenvolveram e colocaram no ar a plataforma digital Pertinho de Casa, que aproxima oferta e demanda (inicialmente de alimentos), facilitando o dia a dia do consumidor, apoiando os pequenos negócios locais de alimentação fora do lar e dando vazão ao que é produzido no campo. Hoje a plataforma está presente em todo Brasil, em mais de 730 cidades, com uma base de quase 20 mil vendedores cadastrados. Todos abraçamos a iniciativa sem fins lucrativos e de maneira totalmente pro bono, oferecendo mão de obra e conhecimentos em prol da causa da salvaguarda dos pequenos negócios. Também no primeiro semestre de 2020, em Franca, conhecida como Capital do Calçado, a indústrias, em especial as de pequeno e médio porte, estavam com estoques lotados, sem pedidos, bem próximos de fechar – assim como a maioria dos pequenos negócios no auge da pandemia, quando perderam mais de 80% do faturamento mensal de uma hora para outra. Numa ação rápida e eficiente do Sebrae-SP e das entidades locais, foi estruturado uma plataforma digital de vendas, que ajudou a escoar a produção e salvar empresas e empregos.

Lançamento do programa Agro+, no Palácio dos Bandeirantes, que integra governo do estado de São Paulo, por meio da SAA, FAESP/SENAR-SP e SEBRAE-SP

TW – O Agro paulista é hoje uma referência no quesito sustentabilidade. Quais programas estão sendo desenvolvidos para que os produtores paulistas fiquem na vanguarda em práticas ambientalmente responsáveis?

TM – A agropecuária paulista trabalha hoje com altos níveis de sustentabilidade e boas práticas. Amostra disso é a pecuária de São Paulo, por exemplo, que está habilitada a exportar para os mercados mais rigorosos do mundo. Uma pauta que a FAESP sempre defendeu e que foi lançada este ano foi o Programa Agro Legal, do Governo do Estado, para a regulamentação do Código Florestal. A iniciativa garante, simultaneamente, a manutenção das áreas em produção agropecuária e a regularização dos espaços sob proteção ambiental e complementa a legislação estadual que regula a adequação das propriedades rurais ao Código Florestal e recomposição de áreas degradadas em São Paulo. O Programa prevê, ainda, o fomento financeiro para fortalecer as Unidades de Conservação. O sistema FAESP/SENAR-SP também desenvolve programas avançados em se tratando de agricultura orgânica. Atualmente, a entidade oferece cinco programas de treinamento para manejo sem agrotóxicos, destinados a olericultores, produtores de batata, morango e tomate. Há, ainda, um programa que capacita pequenos produtores a prepararem a propriedade rural para obter o Cadastramento do Sistema Orgânico de Produção Vegetal nas superintendências do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Este cadastramento habilita o produtor de orgânicos a comercializar seus produtos diretamente ao consumidor e a Programas Governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação escolar (PNAE), como pro[1]duto orgânico e valor diferenciado. Em agosto deste ano, a FAESP anunciou a implantação do projeto corredores sanitários, tendo por objetivo o fortalecimento da vigilância sanitária e fitossanitária no trânsito de animais e vegetais, seus produtos e subprodutos no estado de São Paulo. E o Sistema FAESP-SENAR-SP, juntamente com os sindicatos rurais, está empenhado em programas de conscientização, de modo a evitar que problemas como incêndios, que costumam se acentuar em épocas de seca, prejudiquem a atividade agropecuária paulista. Exemplo disso, é a “Operação Corta-Fogo”, promovida pelo Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), com apoio da FAESP e SENAR-SP, para fornecer orientações e uma abordagem educativa sobre práticas contra incêndios florestais.

 

TW – Um fator que é reconhecido dentro e fora do País é o rigor da agropecuária de São Paulo nos controles sanitários. Como se chegou a esse grau de excelência, que exigiu a união de diferentes atores: produtores, empresas (como os frigoríficos) e as entidades, como a FAESP/SENAR-SP?

TM – São Paulo trabalha hoje com os mais avançados controles sanitários. O sucesso nesse quesito só foi possível pela união do poder público, entidades (dentre as quais a FAESP e SENAR-SP) e os produtores, que se engajaram em implantar as boas práticas. O caso da pecuária é um exemplo: há 26 anos não temos um caso de febre aftosa no Estado. Em São Paulo, há um grande cuidado com a vacinação, rastreabilidade e notificação. Os frigoríficos atendem aos mais altos padrões internacionais de controles sanitários. O sistema FAESP/SENAR-SP procura estreitar suas relações com os sindicatos rurais e disseminar as melhores práticas, inclusive ofertando cursos e capacitação que, na ponta, significam avanços para os produtores e trabalhadores do setor.

Encontro de lideranças durante o Projeto FAESP/SENAR-SP Itinerante

Parceria SEBRAE-SP e FAPESP – R$ 150 milhões para apoio à pesquisa científica e startups

TW – As atividades do setor agropecuário geram uma série de questões que podem ser resolvidas com o auxílio da tecnologia. Isso abre oportunidades para startups oferecerem soluções digitais, as Agrotechs. Que tipo de iniciativas existem no Estado de São Paulo para incentivar a expansão da Agrotechs?

TM – Cada vez mais, a tecnologia está presente na agropecuária. Podemos atestar isso no estado de São Paulo, já que estamos na vanguarda do setor no Brasil. As agrotechs estão ocupando um espaço importantíssimo e ajudam a agregar produtividade e eficiência na gestão. Por isso, o sistema FAESP/SENAR-SP apoia programas como o TechStar Agro Digital, que também é apoiado pelo SEBRAE-SP. Na edição de 2021, o TechStart Agro Digital atraiu o interesse de grandes empresas internacionais de tecnologia e do agro, como Airbus Defence and Space, Bayer e Google Cloud, que também participaram de atividades de mentoria e ofereceram às startups facilidades de acesso a ferramentas exclusivas. É bom lembrar que a maioria das agrotechs é baseada em São Paulo ou tem grande número de negócios no Estado.  

 

TW – E o uso de tecnologias de geoprocessamento, como drones e satélites? É uma prática cada vez mais comum no presente e que ainda tem um grande mercado a ser explorado? 

TM – Os satélites e drones são uma realidade hoje nas propriedades rurais do País, em especial em São Paulo. São peça essenciais no que classificamos como agricultura de precisão. Grande parte das empresas que operam no setor tem sede no território paulista e o agro como público-alvo. O uso de imagens de satélite já ocorre tanto em grandes propriedades, quanto nas de médio e de pequeno porte, contribuindo para ganhos expressivos de produtividade. Os drones já são usados amplamente no sensoriamento remoto, acompanhamento da saúde da cultura, demarcação da área de planto, levantamento do número de plantas em determinada área, detecção de pragas, aplicação de defensivos agrícolas monitoramento de sistemas de irrigação e detecção de focos de incêndios.

 

TW – Como qualquer ramo de atividade, o agro necessita de financiamento para se desenvolver. Os recursos disponibilizados pelo setor público são suficientes hoje para atender o setor? E se for necessário recorrer ao sistema financeiro, como enfrentar o cenário da alta da taxa Selic, que tende a encarecer os juros dos empréstimos?

TM – Alguns pontos preocupam a entidade. Por exemplo, os recursos destinados aos pequenos e médios produtores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), respectivamente. O problema é que esses recursos, assim como os de outras linhas de crédito, não atendem à demanda total e muitos produtores têm de recorrer ao mercado financeiro regular. Em 2021, muitos terão novamente de buscar recursos nos bancos, o que é grave, principalmente neste momento em os juros encontram- -se em patamares mais elevados. No lançamento do Plano Safra 2021, a Selic estava em 2,75% e agora é de 6,25% ao ano. A FAESP já encaminhou ofício ao secretário Itamar Borges, da Agricultura e Abastecimento, solicitando que o Governo do Estado de São Paulo libere verba complementar para a subvenção ao prêmio do seguro rural. Este ano, foram liberados R$ 57 milhões, aquém da necessidade dos produtores paulistas. A reivindicação da entidade é de que os recursos alcancem R$ 100 milhões até o final de 2021, valor necessário para atender à demanda. Afinal, o seguro rural é um dos principais instrumentos da política agrícola. Ressaltamos que os produtores estão operando com risco maior este ano, não apenas devido à pandemia, mas também com a iminência de um colapso hídrico, geadas e La Niña.

 

TW – Como a agropecuária paulista hoje está posicionada entre as maiores e mais eficientes do planeta? O que está sendo desenvolvido pela FAESP e SENAR-SP para que ela seja cada vez mais competitiva globalmente?

TM – Certamente, a agropecuária paulista nada deve às mais eficientes do planeta, as dos Estados Unidos, Europa Ocidental ou Austrália. O sistema FAESP/SENAR-SP trabalha incansavelmente para manter ou até ampliar esse padrão. E, para isso, é fundamental estreitar relações com os produtores e colaboradores do setor, ouvindo suas demandas e buscando soluções conjuntas. O sistema FAESP/SENAR busca ofertar os cursos mais atualizados quanto às necessidades de um mercado cada vez mais competitivo e complexo. A questão da infraestrutura e do escoamento da produção também é prioritária para nós. Uma medida importante para o setor foi o anúncio, em setembro, de um investimento do governo estadual de mais de R$ 1 bilhão na nova fase do programa Novas Estradas Vicinais, que vai beneficiar outras 54 vias com 465 quilômetros de melhorias no estado de São Paulo. Trata-se do maior programa de recuperação de estradas vicinais do Brasil, com 3,4 mil quilômetros de rodovias estaduais.

 

TW – Os médios e pequenos produtores do agro paulista estão preparados para enfrentar os desafios desta economia mais globalizada e competitiva? O que é a FAESP, SENAR-SP e o SEBRAE-SP desenvolvem para estes segmentos?

TM – Os médios e pequenos produtores têm um papel-chave na agropecuária paulista. Eles formam a maioria do setor, procuram se modernizar, atuam e ocupam um espaço importante no mercado. As pequenas, médias e grandes propriedades são complementares e não excludentes. Mas, claro, todos foram afetados pelo cenário da pandemia de Covid-19. O Sistema FAESP/SENAR-SP, com o apoio do Sebrae-SP, conseguiu incluir produtores rurais no programa “Retomada”, um projeto-piloto de crédito emergencial, que também auxilia microempreendedores individuais e microempresas, com taxas de juros baixas e livre de burocracia. A operação do “Retomada” é feita pelas fintechs, e o SEBRAE-SP atua como orientador. Todos os participantes são acompanhados por especialistas, por meio de consultorias individuais e encontros coletivos remotos. Produtores rurais podem solicitar créditos de até R$ 20 mil, sem juros. Sabemos que os pequenos e médios proprietários precisaram conectar-se e digitalizar rapidamente. É um caminho sem volta e, por isso, os recursos do “Retomada” chegaram em boa hora com juro zero e início de pagamento no ano que vem, garantindo melhor reorganização para que haja continuidade das operações.

 

TW – Qual a importância de qualificar produtores e trabalhadores do setor da agropecuária? Que tipo de programas são disponibilizados pelo Sistema FAESP/SENAR-SP e como eles podem significar um salto de qualidade, competitividade e geração de empregos para o agro paulista?

TM – Um dos grandes diferenciais da agropecuária paulista é o seu empenho em qualificar quem atua em todos os elos da cadeia. A produtividade está muito ligada à qualificação. Por isso, o sistema FAESP/SENAR-SP procura atender a uma ampla gama de funções e atividades. Vemos que o produtor rural paulista não está preocupado somente com as questões técnicas, mas também em aprimorar a gestão. Afinal, a propriedade rural é um negócio com um grau de complexidade tão grande ou até maior do que outros ramos de atividade. 

Laboratório de Articulação de Políticas Públicas Sorocaba e Região

Reunião da Diretoria FAESP/SENAR-SP e ITESP

TW – Graças aos programas de qualificação, que são desenvolvidos entidades como o sistema FAESP/ SENAR-SP, podemos dizer que hoje a qualidade da mão-de-obra dos trabalhadores paulista está cada vez mais preparada para os desafios do futuro?

TM – Analisando a grade de cursos do SENAR-SP, podemos concluir que a qualificação dos trabalhadores é uma preocupação central do setor. Acredito que a grande demanda pela especialização reflete esse cenário. Esta é uma contribuição efetiva de nossas entidades para que agropecuária paulista esteja preparada para os desafios do futuro.

 

TW – Passados 18 meses do início da pandemia da Covid-19, o senhor tem afirmado que estamos no momento da reconstrução do processo de desenvolvimento, que tem tudo para ser sustentável. Qual o papel das entidades que o senhor lidera neste novo ciclo?

TM – Uma das poucas certezas que temos neste momento é que a pandemia será transitória e já encaminha para seu final; mas as transformações por ela provocadas não. O mundo já é outro, tendências que estavam despontando, de repente, se transformaram em realidade, afetando formas de se relacionar, consumir, trabalhar, aprender, ensinar. Ouvi especialistas afirmando que avançamos cinco anos em cinco meses, em termos de presença no mundo virtual por conta da pandemia. Estamos diante de dois momentos importantes: garantir fôlego dos pequenos negócios para que retomem suas atividades, vendam, faturem e lucrem mais e, ao mesmo tempo, fortalecer a musculatura desses empreendimentos para que reconstruam sua trajetória dentro dos novos parâmetros da sociedade transformada, em que o digital ganha força. Um estudo do Sebrae com Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, antes da pandemia, 59% dos pequenos negócios vendiam pela internet. Pós pandemia, a taxa subiu quase 70%. É sob este foco que empreendedores de todos setores – agro, comércio, serviços, indústria, tecnologia – tem que basear seus pilares de condução. É preciso reorganizar rapidamente a base do sistema produtivo para este novo momento. As entidades, também transformadas, apoiam integralmente essa mudança de rumo, trazendo orientação, capacitação, abrindo mercados, construindo pontes que ajudem não só na retomada, como na travessia, consolidando pequenos negócios competitivos e sustentáveis. Estamos trabalhando diuturnamente para bem atender e apoiar os empreendedores. Entre as muitas iniciativas, destaco parceria estreita com governo estadual, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, para abertura de 400 mil novas vagas gratuitas de capacitação no Empreenda Rápido, número 15 vezes superior ao que mantínhamos para este programa; a liberação de recursos na ordem de R$ 100 milhões para crédito orientado; bem como a intensificação da nossa presença digital: hoje Sebrae-SP atua no modelo 24×7 (24 horas por dia, sete dias por semana), temos consultoria e assessoria realizadas por especialistas via remota, além de mais de 200 cursos digitais 100% gratuitos, em diversas plataformas. Em conjunto com todo sistema Sebrae, realizaremos, em outubro, a maior feira mundial de empreendedorismo, a Feira do Empreendedor Digital. Em parceria com o sistema FAESP/ SENAR-SP e Sebrae Nacional desenvolvemos um pacote de soluções digitais para incluir rapidamente o produtor rural neste processo de guinada. São três cursos gratuitos via whatsapp – Formalização da propriedade rural: por onde começar, Associativismo e cooperativismo: a união faz a força e A gestão da propriedade rural por um novo ponto de vista; o Programa Agro Sempre – Inovação Rural, que vai selecionar 110 especialistas (graduados e pós-graduados) para atuar, durante 17 meses, diretamente na propriedade rural e desenvolver metodologias e melhorias, trazendo soluções e inovações para os pequenos negócios rurais. Dos mais de 2,6 milhões de atendimentos realizados de janeiro a setembro de 2021, 82% foram à distância, com um índice de satisfação de 82,3%. De cada 100 clientes atendidos, mais de 82 estão satisfeitos e indicariam os serviços do SEBRAE-SP para outros empreendedores. Isso tudo sem descuidar de nossos colaboradores.

 

TW – E a questão tributária? Como a FAESP/SENAR-SP está mobilizada sobre este importante fator?

TM – A FAESP/SENAR-SP está muito engajada nessa questão. Em março, o governo paulista, com a interlocução do vice-governador e secretário estadual de Governo, Rodrigo Garcia, e o setor produtivo, foi sensível ao nosso pleito e revogou o aumento de carga tributária de ICMS sobre as operações com insumos agropecuários. A medida restabeleceu o tratamento vigente até 31/12/2020, garantindo 100% de isenção de ICMS nas operações dentro de São Paulo com insumos agrícolas, com efeitos retroativos a partir de 1º de janeiro deste ano (2021). Foi uma importante vitória do setor agropecuário paulista, uma vez que na nossa avaliação, a alta do ICMS impactaria os preços para os consumidores finais e reduziria a competitividade do produtor de São Paulo, em especial num momento tão adverso quanto o do enfrentamento da pandemia.

 

TW – Conectividade e conexão são dois pilares importantes neste novo momento. A atuação em rede, de forma integrada, é um mantra em sua atuação como liderança há tempos. Por que o senhor considera estas estratégias fundamentais?

TM – Como você bem destacou no início da nossa entrevista, tenho raízes bem profundas no mundo rural. Ali, a atuação cooperada cria vínculos importantes que nos dão capacidade de operar em rede de forma integrada e coesa. Trata-se um dos pilares mais importantes para garantir a sustentabilidade do setor. É desta rede que vem a nossa força. Ao unir esforços, recursos, conhecimentos em prol de estratégias de crescimento e desenvolvimento, os resultados são muito melhores e aparecem efetivamente mais rapidamente. Nesta pandemia essa ‘tese’ se confirmou: precisamos de soluções para equações impossíveis e conseguimos obter algumas com grande celeridade porque conectamos as forças vivas da sociedade – poder público municipal, estadual e federal, setor produtivo, universidades, entidades – num verdadeiro e poderoso hub que está focado no processo de retomada, de reconstrução. Nossa rede de parceiros cresceu exponencialmente. Com apoio das prefeituras e câmaras municipais, entidades empresariais do agronegócio, comércio e indústria, estaremos presentes nesse ano, com postos Sebrae Aqui, em 374 municípios e no próximo ano, o Sebrae estará presente em mais de 600 cidades, orientando e capacitando empresários e futuros empreendedores e apoiando a comunidade no processo de desenvolvimento local, fortemente alavancado no apoio ao empreendedorismo. Tem sido extremamente revigorante ver como a visão de desenvolvimento sustentável baseada no fortalecimento do setor produtivo é compartilhada por todos e que, com a colaboração real de todos, está mudando os rumos da história de produtores, empreendedores, empresas e cidadãos. Por exemplo, nossos programas focados no desenvolvimento local e regional já demonstraram a que vieram. Os empreendimentos de pequeno porte participantes de 92 projetos de desenvolvimento regional – sendo 57 Arranjos Produtivos Locais dos mais diversos segmentos, mapeados pelo governo estadual – do artesanato à indústria calçadista, da cerveja à cerâmica artística, do café gourmet ao turismo, de equipamentos médico-odontológicos aos TICs e biotecnologia, todos lastreados na vocação econômica local e da região, tiveram 87% aumentaram faturamento, 90% elevaram produtividade, 99% afirmaram que incorporaram novas tecnologias a processos e gestão. Os resultados positivos geraram também dividendos para os 147 territórios sedes dos projetos. Entre eles, que consideramos extremamente significativo: 92% disseram que a manutenção e/ou criação de novas vagas de trabalho relacionam-se à participação nos programas de desenvolvimento local.

 

TW – O senhor sempre ressalta o papel de sua mãe e avó em sua jornada. Um ponto que as aproxima é a profunda ligação com a educação, pois ambas são professoras. Como o senhor vê o papel da educação no processo de sustentabilidade do País?

TM – Agradeço muito pela gentil e verdadeira referência a estas mulheres fantásticas que fazem parte da minha história de vida. Vovó Georgina alfabetizava os trabalhadores rurais e seus filhos na escola que mantinha na fazenda. Sem dúvida, despertaram em mim, e não deixaram esvanecer, a crença que o conhecimento é a base para alavancar e consolidar a transformação tão necessária. Não há outro caminho que não seja o investimento em educação. E neste momento tão peculiar, em educação empreendedora, porque é ela que vai preparar crianças, jovens e adultos não somente para adaptar-se ao mundo novo, mas para ser protagonistas de suas jornadas de vida, inclusive profissional. Vejam o exemplo de Israel, referência em inovação, tecnologia e empreendedorismo, com modelo globalmente reconhecido de criação de startups. Ali, são investidos 4,5% do PIB em pesquisas; as crianças começam a ser alfabetizadas a partir dos quatro anos de idade.  Nós também acreditamos que empreender se aprende na escola. Por isso, há mais de 20 anos, temos uma área dedicada a desenvolver e implementar programas de educação empreendedora nas redes pública e privada de ensino. Focados no ensino fundamental, temos o programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), que teve início em São Paulo e hoje a metodologia está presente em todo Brasil. Destinado a cultivar nos alunos o espírito empreendedor e inovador, vamos chegar neste ano a quase 230 mil alunos de 6 a 14 anos, em centenas de municípios do estado de São Paulo. O processo se baseia no professor como nosso melhor aliado. São eles que recebem a formação na metodologia e levam às salas de aula atividades lúdicas e experiências que despertem atitudes empreendedoras. As mudanças são visíveis dentro e fora da escola: 93% dos professores formados identificaram mudanças no comportamento dos alunos participantes do JEPP, destacando aumento da atenção, disciplina, interação, cooperação e facilidade de aprender. Nas famílias, pais e responsáveis salientaram a mudança perceptiva no comportamento dos jovens. Entre os estudantes, mais da metade afirmou que o conteúdo contribuiu para abrir mente e ampliar o conhecimento sobre o mercado de trabalho e empreendedorismo. Em parceria com o governo do estado de São Paulo, por meio do Centro Paula Souza, em 2014, criamos as primeiras escola e faculdade técnicas gratuita de empreendedorismo no Brasil – ETEC Sebrae e FATEC Sebrae. Criamos a Escola Superior de Empreendedorismo do Sebrae-SP (ESE), que envolve a criação e gestão de um negócio de alto impacto. Temos orgulho de dizer que diversas startups de futuro nasceram ali. E anunciar que, em parceria com Sebrae Nacional e o Ministério da Educação e Cultura (MEC), vamos capacitar gratuitamente quase 600 mil professores da rede pública de ensino de todo Brasil, em temas focados na cultura empreendedora, no futuro inovador e verdadeiramente sustentável. Essa é a lição aprendida com minha mãe e avó e que merece ser replicada.

Diminuição do ICMS em pauta. Reunião com vice-governador do estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, interlocutor junto ao setor produtivo nas questões de competitividade

TW – Durante a pandemia, os pequenos negócios criaram 70% do total de novos postos de trabalho. Por outro lado, ainda são frágeis e sofrem os efeitos de políticas públicas que não estão alinhadas ao seu perfil e necessidades, o que impacta profundamente na questão da sobrevivência e competitividade. Como o senhor pretende apoiar a reversão deste cenário?

TM – Os pequenos negócios têm um papel fundamental na sociedade. Como você bem disse, são reconhecidamente o colchão social, com geração de empregos e distribuição de renda. É ali que está a primeira oportunidade de ocupação, é ali que está o primeiro passo para se realizar um dos principais sonhos do brasileiro: ser o próprio patrão. O estado de São Paulo abriga cerca de 4,8 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas de serviços (54,5%), comércio (29,5%), indústria (9%), construção civil (7%). De janeiro a julho deste ano foram responsáveis pela geração de mais de 313 mil novos empregos (quase 70% do total de novos postos de trabalho) e por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado de São Paulo. Sempre vale ressaltar que São Paulo representa 1/3 do total de pequenos negócios presentes em todo território nacional. São números bem expressivos, mas ao analisar um pouco mais a fundo, vamos ver que a esmagadora maioria desses empreendimentos foi aberta por conta de uma necessidade – geralmente de ter ou complementar rapidamente renda – o que traz fragilidades para o processo. Quando se estrutura um negócio baseado na oportunidade, o empreendedor investe mais tempo planejando, conhecendo mercado e concorrentes e, geralmente, é mais forte. Além disso, ainda não encontram ambiente plenamente favorável para crescer e se consolidar. Mudar este cenário, garantindo não só sobrevivência, mas também sustentabilidade dos negócios a longo prazo, é um dos pilares de atuação do sistema Sebrae. E avançamos consideravelmente nos últimos dois anos, mesmo em meio à grave crise sanitária que nos atingiu. Com a amplificação da rede de parceiros, viabilizamos e expandimos projetos e programas que garantam sobrevivência e competitividade. Quero destacar aqui os investimentos em inovação, pois acreditamos que o acesso a novas tecnologias é o portal para se tornar mais competitivo, local e globalmente. Recentemente, o Conselho Deliberativo do Sebrae-SP aprovou investimentos na ordem de R$ 350 milhões nos próximos quatro anos para alavancar e promover comercialmente tecnologias que estão sendo produzidas em parques e polos tecnológicos, incubadoras, startups, aceleradoras, universidades, dando acesso aos empreendedores o que há de melhor sendo produzidos nestas verdadeiras usinas de inovação. Ao mesmo tempo, intensificaremos o apoio à consolidação de 1,5 mil startups nos mercados nacional e internacional, por meio de celebração de iniciais novas 23 parcerias deste ambiente. Ainda no campo da inovação aplicada, mais que dobramos o número dos Agentes Locais de Inovação (ALIs), passando para 300 agentes em campo, responsáveis pelo atendimento a mais de 10 mil empresas, em 567 municípios, no último ciclo de atendimento, em que os participantes registraram medida de aumento de 45% de produtividade em plena pandemia. Isso tudo sem descuidar de nosso trabalho diário de levar orientação e capacitação em gestão empresarial, além de continuar firmemente atuando junto aos atores políticos – seja do Executivo, seja do Legislativo – demonstrando a importância vital dos pequenos negócios na consolidação de cidades, estado e país mais justo e desenvolvido e como políticas públicas diferenciadas focadas nestes segmento podem trazer resultados excepcionais na solução de problemas estruturantes como os que enfrentamos. Destaco dois exemplos de política ajustada e que vão atuar no cerne da questão de desemprego. Recentemente, o Senado aprovou o projeto de lei complementar (PLP 108/2021) que aumenta o limite da receita bruta anual do Microempreendedor Individual (MEI), passando dos atuais R$ 81 mil para R$ 130 mil e também autoriza o aumento de um para dois no número empregados. A medida deve impactar os 11,3 milhões de CNPJ que se enquadram na categoria. Se cada um destes MEIs contratar mais um empregado, mais de 11 milhões de brasileiros vão garantir emprego formal. Agora, o projeto foi para aprovação na Câmara. Se lá aprovado e com sanção presidencial, as novas regras entram em vigor em 1º de janeiro de 2022. Estamos confiantes que Executivo e Legislativo, juntos, vão dar esta resposta à sociedade. E a sanção do Pronampe Permanente, uma política contínua de crédito, que vai irrigar os pequenos negócios com os recursos tão necessários para a retomada, a geração de empregos e reconstrução de nossa economia. As políticas públicas na esfera municipal também são fundamentais para garantir ambiente favorável ao ato de empreender e, por consequência, gerar emprego e renda. Sou municipalista e acredito que o ciclo do crescimento sustentável inicia e se revigora na sociedade local. Por isso, nossa atuação em políticas públicas está na direção de garantir escala e agilidade ao desenvolvimento e implementação de ações favoráveis à cidadania empresarial no município. Estamos fazendo intenso trabalho de corpo a corpo junto a prefeitos, secretários municipais, vereadores, lideranças empresariais e sociedade civil organizada. Contratamos a Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e realizamos diagnósticos customizados para 28 regiões do estado, com o registro das vocações locais e regionais, as potencialidades e os desafios a superar. Após apresentação deste trabalho, tivemos oficinas para elaborar os planos de ação e estamos na fase de validação e implementação das atividades. Pode-se dizer que a causa foi abraçada por todos, tendo em vista os resultados que conseguimos até o momento: assinatura de 602 termos de manifestação de interesse em integrar o programa Consórcio Empreendedor – até maio de 2022, implantaremos em 540 municípios; abertura do mercado de compras públicas para pequenos negócios, com capacitação de quase 2 mil gestores púbicos de 338 cidades e declaração de interesse de 427 municípios em integrar o Portal Compras Públicas – que já abriga mais de 83 mil editais. É um movimento que certamente vai promover não só a retomada, como também será início no estado de São Paulo de um novo e virtuoso ciclo de desenvolvimento local, regional e integrado.

 

TW – No próximo ano, 2022, o SEBRAE completa 50 anos de atuação em prol do empreendedorismo e dos pequenos negócios. Como o senhor projeta o empreendedorismo no Brasil nos próximos 50 anos?

TM – E pensar que o sistema de apoio aos pequenos negócios começou com a visão de vanguarda de algumas lideranças que já projetavam no empreendedorismo a alternativa eficaz para geração de ocupação, renda e inovação. Neste quase meio século de existência, assistimos e provocamos diversas mudanças. As pequenas empresas ganharam visibilidade e sua representatividade foi reconhecida; o empreendedorismo entrou na pauta das políticas públicas, o tratamento diferenciado previsto em Constituição foi regulamentado na Lei Geral das Pequenas Empresas. Mas dois fatos permaneceram intactos nesse período e acredito que assim continuará: brasileiros vão chegar até nós com o propósito de empreender e o Sebrae estará sempre pronto para responder às suas demandas, num processo de permanente transformação da entidade para cumprir nossa missão. Para os próximos 50 anos, temos alguns desejos. Que o Brasil seja um país em que empreender seja a escolha natural para atividade profissional, porque abre possibilidades de protagonizar histórias de sucesso, porque brasileiros e brasileiras estarão impregnados da cultura empreendedora; que a estatística que nos choca hoje – de cada 100 pessoas desempregadas, 99 buscam voltar ao mercado de trabalho por meio do emprego formal e apenas uma decide empreender (e na maioria das vezes por necessidade) – seja enfim revertida. Que empreendedores fortes, que realizam seus sonhos, são protagonistas em suas áreas de atuação, ajudem outros a também sonhar e realizar, a prosperar e coloque o Brasil entre os líderes nos rankings da inovação, e sustentabilidade. E que o Sebrae seja o maior dinamizador de transformação dos pequenos negócios, sem distinção. Participo da história desta entidade há mais de 20 anos e para mim é uma honra celebrar, junto com os mais de mil colaboradores do SEBRAE-SP, sua história vibrante e seu futuro ainda mais promissor. Porque enquanto e onde tiver pessoas chegando até nós com seus sonhos de empreender, lá estaremos, levando soluções incríveis.

Reunião na Prefeitura de São Paulo

TW – E para o agro paulista, existe uma tendência que deverá ser a mais preponderante nos próximos anos? Qual deve ser a grande vocação da agropecuária de São Paulo para os próximos anos?

TM – Temos uma agropecuária extremamente diversificada em São Paulo. Mas, se fosse fazer uma aposta, diria que estamos nos preparando para disputar, de maneira competitiva, os maiores mercados, inclusive fora do Brasil. Por isso, todo o empenho da FAESP/SENAR-SP na qualificação do setor e na disseminação das boas práticas. Reafirmo o que disse anteriormente: o agro paulista nada deve às economias mais desenvolvidas do setor no mundo.

 

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