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Thoroh de Souza – o cientista que transformou seu conhecimento em oportunidade de negócio

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O físico Eunézio Antonio de Souza, mais conhecido como Thoroh de Souza, divide seu tempo entre a ciência e os palcos como cantor lírico. Graduou-se em Física pelo Instituto de Física e Química de São Carlos da Universidade de São Paulo, em 1996, com doutorado direto pelo Instituto de Física da Unicamp, e galgou o mundo em nome da ciência, na descoberta de novas tecnologias. Respeitado no meio, foi professor, coordenador de cursos e centros de pesquisa, sendo o idealizador do MackGraphe (Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno Nanomateriais e Nanotecnologias). É conselheiro do CGIA (China Innovation Alliance of the Graphene Industry), membro do International Committee do RIDC (Research, Innovation and Dissemination Centers) da FAPESP, do Scientific Advisory Board do Quanta-Lab (INL – International Iberian Nanotechnology Laboratory e Universidade do Minho), do Comitê de Inovação do CPqD, do CCFOTO (Comitê Consultivo de Fotônica do MCTIC), membro da Optica (Optical Society of América), do IEEE Photonics Society, da SBF (Sociedade Brasileira de Física) e da SBMO (Sociedade Brasileira de Microondas e Optoeletrônica). Atua na área de Fotônica em Comunicações Ópticas utilizando dispositivos avançados baseados em materiais bidimensionais, como o grafeno, onde se tornou um especialista.  Daí nasceu sua motivação para transformar os avanços científicos em produtos que beneficiem a sociedade, com a criação da empresa DreamTech Nanotechnology. Hoje, a recente empresa é reconhecida por suas inovações e está entre as mais cotadas do setor, sendo, por isso, também responsável pelo setor de nanotecnologia da Fiesp. Casado com Elisabeth Ratzersdorf, cantora de ópera no Teatro Municipal de São Paulo, é pai de três filhos adolescentes, Eduardo Felipe, Tomas e Isaac, sua motivação para continuar a cantar e a transformar o mundo em um lugar melhor. Confira a entrevista exclusiva desse cientista que colocou seu conhecimento de forma prática a serviço do mundo.

The Winners – O senhor construiu duas brilhantes carreiras, como físico e como cantor lírico. Em que momento essas carreiras se encontram? Como foi o início de ambas as carreiras?

Thoroh de Souza – O céu é o limite no que tange à física e à música, em especial o canto lírico. E eu tenho muito a realizar nessas duas carreiras, que se complementam em minha vida. É intrigante observar que a música e a física ondulatória são manifestações e representações diferentes de uma mesma coisa, e elas certamente ativam partes diferentes do cérebro. Assim, o conhecimento de física me ajudou sempre a entender os princípios da técnica do canto lírico, que envolve basicamente a geração de harmônicos que amplificam a voz humana e permitem a um cantor lírico atuar sem microfone diante de uma orquestra. Do ponto de vista profissional, as carreiras se complementam de forma dual. Quando estou cansado de trabalhar com física, a música é sempre um alívio para a minha mente, e então mergulho neste universo que me transporta para um mundo melhor. E vice-versa, pois não se pode cantar por muito tempo devido à fadiga vocal, e, nessas horas, uso a física com um refúgio do cansaço vocal. Essas duas profissões começaram na vida quase que simultanemente quando estudante sonhador na cidade histórica de Ouro Preto, interior de Minas Gerais. Eu sou um mineiro, parafraseando Guimarães Rosa, de só quase lugar…

TW – Como físico, o senhor coleciona importantes conquistas para o meio científico brasileiro, entre elas o planejamento e criação do MackGraphe (Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno Nanomateriais e Nanotecnologias), inaugurado em 2016 para desenvolver pesquisas e produtos com o material formado por uma camada única de carbono, mais resistente que o aço, o grafeno. O que motivou seu interesse por um elemento tão específico e quais os benefícios dele para a sociedade?

TS – É importante salientar que, antes da criação do MackGraphe, junto com o professor Christiano JS de Matos nós construímos um Grupo de Pesquisa em Fotônica (parte da física que lida com o controle das partículas da luz, os fótons) muito forte na Universidade Mackenzie, que fez importantes realizações. Por exemplo, em 2009, fizemos a primeira transmissão transcontinental do mundo de um filme com ultra alta definição (4K), que foi projetado no auditório da Fiesp e simultaneamente transmitido, via redes de fibras ópticas, do Brasil para San Diego, na Califórnia, e para Tóquio, no Japão. Em seguida, em 2010, com uma equipe formada pelos professores Jane de Almeida e Cicero Inácio, Keith Collea (assistente do James Cameron) e Renato Falcão, diretor de fotografia da Blue Sky de Nova York, fizemos a primeira filmagem em 4K-3D de um jogo de futebol (Grenal 2010), que foi apresentado na Copa do Mundo da Fifa de 2010, em Johanesburgo, na África do Sul. O sucesso do desafio de montar um grupo de pesquisa de qualidade internacional com laboratórios avançados em uma universidade privada, publicando artigos em revistas científicas de alto nível e realizando demonstrações tecnológicas como as citadas acima, abriu portas para que o grupo de Fotônica pudesse liderar qualquer iniciativa desafiadora e pioneira no setor. Após esses fatos, o grafeno chegou naturalmente ao nosso grupo, em agosto de 2010, pelo meu amigo professor Antonio Hélio de Castro Neto, ao contar que o professor Andre Geim iria ganhar o Nobel de Física daquele ano, e que eu deveria aproveitar e entrar nessa área com nossa expertise em Fotônica. De fato, em 5 de outubro de 2010, o comitê Nobel anunciou o professor Andre Geim como ganhador do prêmio Nobel de Física. O professor Castro Neto esteve envolvido com o comitê do prêmio Nobel e é um dos físicos brasileiros mais respeitados no mundo. Naquela época, ele dirigia um recém-criado Centro de Pesquisa em Grafeno em Cingapura. Até aquele momento o grafeno era um material novo e suas propriedades fotônicas superlativas nos incentivaram a escrever, com o professor Antonio Hélio de Castro Neto e o professor, colega e amigo Christiano JS de Matos, a proposta de criação do Centro de Pesquisa junto à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A proposta, que envolvia o maior valor a ser investido em uma instituição priva[1]da, foi aprovada por 4 pareceristas internacionais, que a classificaram como excelente. Sou grato ao Conselho Deliberativo do Mackenzie pelo empenho em construir, como contrapartida, um moderno edifício para abrigar o Centro. E grato também aos professores Hugo Fragnito e Amir Caldeira, da Unicamp, Henrique Toma e Lucio Agnes, da USP, professor José Bressian, do Ipen, José Roque da Silva e Harry Westfalt, do LNLS, e Marcos Pimenta, da UFMG, pelas cartas de apoio ao projeto.

TW – Quando o senhor criou o MackGraphe, a inspiração veio do Bell Labs, uma empresa de pesquisa industrial e desenvolvimento científico, subsidiária da empresa finlandesa Nokia. Como esse padrão se adapta e agrega à realidade brasileira?

TS – É importante salientar que o Bell Labs, onde eu tive o privilégio de trabalhar por indicação do meu orientador de doutorado, professor Carlos Henrique de Brito Cruz, foi fundado pelo Graham Bell, o inventor do telefone. Mas, na época em que eu trabalhei lá, o Bell Labs pertencia à AT&T (American Telephone and Telegraph). Só recentemente foi adquirido pela Nokia. O Bell Labs era uma ilha da fantasia para a pesquisa. Só no prédio onde eu trabalhava, em Holmdel, Nova Jersey, EUA, havia mais PhDs em física que no Brasil inteiro naquela época. Portanto, não temos parâmetro para medir algo tão grandioso. As pesquisas e descobertas feitas no Bell Labs mudaram a sociedade e o mundo que nós vivemos. Por exemplo, poucas pessoas sabem que o Vale do Silício, na Califórnia, EUA, iniciou com um pesquisador do Bell Labs e foi daí que nasceu a Intel. Outras invenções do Bell Labs que mudaram o mundo são: transistor, fibras ópticas, celulares, células solares, comunicação via satélite, entre muitos outros avanços. Eu, portanto, utilizei os princípios do Bell Labs adaptados à realidade da sociedade brasileira para propor um centro de pesquisa com uma visão de engenharia aplicada capaz de converter o conhecimento científico em riqueza, contribuindo para o bem-estar e o cotidiano das pessoas. Contei com a ajuda de grandes profissionais mundiais, por exemplo, quatro prêmios Nobel com quem discuti o projeto e tenho a honra de citar: Andre Geim – Prêmio Nobel de Física de 2010; Konstantin Novoselov – Prêmio Nobel de Física de 2010; Arno Penzias – Prêmio Nobel de Física de 1978 e Klaus von Klitzing – Prêmio Nobel de Física de 1985. A proposta foi também debatida com professores amigos como Eric Ippen, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT (EUA), Wayne Knox, do Instituto de Óptica da Universidade de Rochester (EUA), David AB Miller, da Universidade Stanford (EUA), Marcos Pimenta, da UFMG, Sergio Mascarenhas (in memoria), da USP São Carlos, Hugo Fragnito, da Unicamp e com vários cientistas proeminentes no Brasil. E, ao final desse processo, deixamos de concreto para o Brasil um centro de pesquisa muito bem estruturado conceitualmente em suas premissas e com infraestrutura competitiva para formar profissionais qualificados para atuação na área de nanotecnologia.

Thoroh solista no oratório A Criação, de Haydn no Teatro Nacional em Brasília
Soprano Anna Netrebko na Sala São Paulo

TW – A partir dos estudos realizados pelo senhor e outros cientistas, o que podemos esperar em novas tecnologias e como elas poderão contribuir na evolução da sociedade?

TS – Eu sou muito otimista com relação ao que as pesquisas científicas podem fazer para a sociedade, para o mundo e como elas podem mudar um país para melhor. Eu vou dar um exemplo, no meu doutorado em Física na Unicamp trabalhei com fibras ópticas dopadas com um elemento chamado érbio. Este elemento permitiu que a luz pudesse ser amplificada dentro das fibras ópticas, o que fez esse tipo de comunicação uma realidade que transformou todo o planeta – a internet como a conhecemos hoje só foi possível graças a essa fibra dopada com érbio. O meu trabalho nessa área foi um grãozinho de areia no universo de contribuições científicas que permitiram essa transformação global das comunicações ópticas e da sociedade. Dessa forma, eu tenho absoluta confiança nas pesquisas de novos materiais, entre eles o grafeno, e por isso eu criei uma empresa chamada DreamTech Nanotechnology. Com a empresa, a nossa maior missão é transformar o conhecimento científico em produtos que beneficiam a sociedade. O grafeno é o foco de nosso trabalho no momento por duas grandes vantagens: ele pode ser superlativo tanto em inovações que nós chamamos aditivas, aprimorando a qualidade e/ou desempenho de produtos existentes, como pneus, calçados, raquete de tênis etc., e também em inovações disruptivas, onde podemos combinar propriedades, por exemplo: o grafeno é transparente e flexível como o plástico e também é condutor de eletricidade como o óxido de índio e estanho (ITO) usado em telas sensíveis ao toque. Essas propriedades combinadas nos permitem criar a eletrônica flexível, dobrável e esticável. Isto é completamente disruptivo! Com isso, eu olho para frente e vejo um mar de oportunidades para se navegar e se banhar nessas possibilidades de gerar riquezas com esse material. Nós estamos investindo nisso e temos muita confiança no sucesso desse material.

TW – Como o senhor vê os investimentos em pesquisa no Brasil? E quais são os avanços que encontramos?

TS – Eu vejo os investimentos estatal+privado no Brasil ainda muito tímidos, se comparados com o tamanho da nossa sociedade e as possibilidades que temos para crescimento, traçando um paralelo com países desenvolvidos, e esse é o parâmetro que a gente tem. Não há segredo… os investimentos e os avanços alcançados podem ser analisados pelo princípio da Ação-Reação (Terceira lei de Newton): quanto maior o investimento, maiores serão os resultados, e isso nos coloca em desvantagem competitiva internacional. No entanto, esse cenário, que não é bom, pode ser explorado de outro ponto de vista. Ele é uma grande oportunidade para aquelas empresas estabelecidas que querem, ou precisam, se reinventar e para as novas empresas com DNA de inovação que investem no desenvolvimento e na criação de novos mercados de produtos de alta tecnologia. Analisando o cenário sob essa ótica, empresas que combinam essas características, como a nossa, têm possibilidades reais de crescimento e expansão (obviamente com parcerias e investimentos) para atender à potencialidade do mercado brasileiro e latino-americano. A indústria da nanotecnologia baseada em grafeno é uma indústria nova em todo o mundo (ela tem apenas um pouco mais de uma década), e os seus avanços (no mundo e no Brasil) não estão ainda focados na inovação aditiva, ou seja, na melhoria da performance de materiais e dispositivos já existentes. Com o tempo e investimentos contínuos, serão criadas inovações disruptivas que trarão maior impacto e transformação ao nosso dia a dia.

TW – O senhor atua como cientista em uma carreira consolidada e reconhecida, agora deve seguir um novo caminho – o empreendedorismo. Ao lado de outros cientistas, fundou a DreamTech Nanotechnology. Como nasceu essa iniciativa e qual é o propósito da empresa?

TS – A minha formação é de Físico Experimental, ou seja, eu coloco a mão na massa, faço montagens experimentais e tenho prazer em construir coisas tecnologicamente sofisticadas e bonitas. Quando tive conhecimento e a oportunidade de incorporar o grafeno em minhas pesquisas, um novo universo de possibilidades se abriu a minha frente. O grafeno me permitiu conhecer pessoas brilhantes como o professor Sir André Geim, prêmio Nobel de Física do grafeno em 2010, e essa interação me levou a viajar muito para a Ásia em sua companhia. Na China, conheci a Aliança de Inovação da Indústria do Grafeno (CGIA), da qual eu tenho a honra de ser membro do board (conselho) atualmente. A CGIA coopera com diversas organizações internacionais, como a EU Graphene Flagship, Graphene Info, Phantoms Foundation, Nano Malaysia e muitas outras organizações para criar uma série de eventos especiais internacionais, com reuniões de filiais no exterior, Prêmio Internacional de Grafeno, Competição Internacional de Novos Materiais de Grafeno e assim por diante. A partir daí, foi natural a criação da DreamTech Nanotechnology, pois eu entendi que poderia contribuir de forma mais direta e prática para a sociedade, além de inovar no campo das empresas de tecnologia no Brasil. Hoje, a empresa comercializa grafeno em pó/ pasta e óxido de grafeno (GO) como matéria-prima, e produtos acabados, como pisos de grafeno, aditivo lubrificante de grafeno, revestimentos de grafeno para a indústria naval, revestimentos de grafeno para ambientes anticorrosivos, revestimento de grafeno para pavimentos de asfalto ou concreto, revestimentos antiestáticos, revestimentos de grafeno para dispersão de calor, e está envolvida no desenvolvimento de novos produtos, como cosméticos para tintura capilar.

Prêmio Nobel de Fisica, Prof Geim na China

Thoroh no Laboratório

TW – A base de produtos da sua empresa é o grafeno, e qual o mercado nacional para esses produtos? Como o senhor pretende expandir a empresa?

TS – O grafeno tem aplicações em diversos setores industriais, desde a indústria de plásticos, tintas, construção civil até indústrias avançadas, tecnologicamente falando, como comunicações ópticas. Nós sabemos que, para explorar esses mercados, a DreamTech Nanotechnology precisa de parceiros em cada um desses setores industriais, e estamos abertos para discutir novos negócios. É um trabalho prazeroso e recompensador perceber a disseminação do conhecimento de nanotecnologias em nossa sociedade. Recentemente, fizemos uma parceria com a empresa MCassab, que já está distribuindo alguns de nossos produtos como o grafeno em pó, grafeno em pasta, óxido de grafeno, revestimento anticorrosivo à base de água e revestimento anticorrosivo para a indústria naval. Esses revestimentos com grafeno resolveram o problema de manutenção custosa de repintura em ambientes corrosivos, pois têm duração três vezes maior que os revestimentos padrões. Para expandir o negócio, buscamos novos parceiros com visão estratégica e que se entusiasmem com as possibilidades de explorar esses novos mercados, como o mercado de tintas rodoviárias, produtos térmicos, lubrificantes, cosméticos e o mercado da construção civil. Esses mercados irão crescer porque o Brasil precisa crescer e estar aberto às inovações.

TW – A DreamTech Nanotechnology tem interesse em ser uma empresa internacional, que exporta seu conhecimento? Qual o grau de competividade de uma empresa brasileira nesse segmento?

TS – A empresa tem em sua essência a excelência, e isso nos torna naturalmente competitivos internacionalmente. Para garantir que essa excelência seja efetiva nos processos da empresa, temos no board o prêmio Nobel de Física, o professor Sir Andre Geim. Os nossos produtos estão entre os melhores do mundo, e o que nós vendemos aqui pode e será comercializado internacionalmente. Assim, a expansão faz parte do planejamento estratégico da empresa.

Prêmio Nobel de Física, Prof Cohen-Tannoudji na Venezuela

Com Eduardo Giacomazzi (Diretor na FIESP), o Prêmio Nobel de Física do grafeno, Prof Novoselov e o seu grande amigo Prof. Antonio Helio de Castro Neto na FIESP
Com os professores Luigi Colombo, Cecilia Mattevi e o Prêmio Nobel de Física de 1985, Prof Von Klitzen em Varsovia

TW – O que o Brasil pode esperar das empresas que investem em tecnologia? Que futuro devemos ter?

TS – O país pode esperar inicialmente duas coisas das empresas que investem em nanotecnologia e desenvolvem tecnologias: primeiro, a criação de empregos de alto nível, e, segundo a geração de riqueza para o país com a inserção de novos produtos na sociedade. Com inovações aditivas e disruptivas, o grafeno vai estar em quase todos os lugares do nosso cotidiano, melhorando a qualidade de vida das pessoas. Portanto, não é exagero dizer… Graphene everywhere!

TW – Falando mais um pouco da pessoa Thoroh de Souza, vai sobrar tempo para voltar aos palcos? Como o senhor se vê na nova rotina?

TS – Ah! Claro… tem que sobrar tempo, porque sem Arte a vida fica muito sem sal, e a música, como eu disse, é como um pássaro que nos leva sempre para um mundo melhor. Sem música e sem arte eu não faço boa ciência e não faço bons negócios. Eu tenho um quase êxtase quando eu consigo correlacionar a beleza estética e funcional da tecnologia com um GREGORY GRIGORAGI lied de Schubert.

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