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No mundo

O grande loteamento

02/05/2019 23:07
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Entre os únicos dez países do mundo com áreas superiores a 2 milhões de km2, o Brasil é o pentacampeão do verde: produz alimentos em apenas 7,8 % de seu território, suprindo 210 milhões de brasileiros; gera excedentes que o está tornando o maior produtor e exportador agropecuário do mundo!

Essa a razão pela qual sofre intensa e dirigida campanha difamatória mundial, promovida por países concorrentes; reverberada por ONGs dirigidas por brasileiros financeiramente engajados.

Muitos os brasileiros de boa fé, que, desconhecedores da realidade do país, tornaram-se inocentes úteis, acreditando no que propagam os produtores de milho americanos, que, em busca de mercados adicionais de bilhões de dólares, determinam a seus afiliados financiarem ONG’s brasileiras.

Causa espanto serem tais entidades também financiadas pelo governo nacional.

O documento “Farms Here, Forest there” expõe o conflito dos produtores agrícolas americanos com o crescente desenvolvimento da agricultura brasileira.

Para justificar o título deste artigo, busquei alguns números compilados pela Embrapa, através do pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda:

– as áreas protegidas ocupam 30,4% do território nacional, equivalente em superfície a 15 países da Europa.

– ocupadas por assentamentos, 10% da área do país;

– somando a esses, áreas da “TERRABRAS” (via Incra, Funai e outros órgãos), atingem-se cerca de 20%;

– áreas atribuídas pela União a índios, quilombolas e outros totalizam 37% do território;

– às áreas de preservação, a impressionante cifra de 25,6% das terras nacionais.

Totalizando, 92.2% do Brasil estão destinados e escriturados, como acima comprovados. Portanto, é o maior loteamento da história. Para a produção agropecuária sobraram apenas 7,80% do Brasil.

Para compararmos: os Estados Unidos preservam 20% de sua área; os majoritários 80%, destinam-se ao agronegócio e outros usos.

Deste falso desequilíbrio criado em Brasília, gerou-se a percepção mundial de que irresponsavelmente desmatamos; que não protegemos áreas verdes; alimenta movimentos tipo “Farms here, forest there” que, além de faltar à verdade, agitando espúria bandeira verde, objetiva nos constranger a não participar, como fornecedor, do aumento futuro do consumo de alimentos.

Certamente, neste novo ciclo político, chegou o momento de dizermos e agirmos, governo e iniciativa privada, em defesa do futuro do nosso país, ora amarrado em conceitos ultrapassados.

Conceituações, por incrível que pareça, repito, defendidas com vigor por milhares de ONGs financiadas pelos produtores de milho americanos e de outros alimentos, esses de diversas nacionalidades, ameaçados pelo potencial de produtividade dos nossos agricultores.

Nesta mesma linha vai também o projeto de desenvolvimento nacional, necessitando de drástica correção de rumos como os números abaixo o demonstram a sobejo.

Em 1981 liderei a primeira delegação de empresários e jornalistas à China. Por acreditar no Plano de Desenvolvimento de Deng Xiaoping (“Não importa a cor do gato, importante é que mate ratos…”), fundei em Beijing o primeiro escritório de uma empresa privada brasileira.

Estudei a Coreia e o Japão: observei a abertura de suas economias para o mundo, independentemente de acentos ideológicos dos seus fornecedores de matérias primas e clientes dos manufaturados. Foquei nos modelos de progresso social, econômico e humano aplicáveis ao Brasil.

Nesses países, observei que o resultado dessas políticas decorreu dos investimentos prioritários em educação e tecnologia, embasando forte impulso industrial voltado às exportações; não os constrangeu a recepção de métodos e sistemas de produção de países mais avançados, com ênfase na eficiência e na produtividade, inclusive expondo-se a concorrência internacional em seus próprios territórios. 

À época, o Brasil era a sétima maior economia do mundo. A China estava abaixo, apesar de figurar entre as 25 maiores – renda per capita baixíssima. A renda per capita equivalia a 17% da renda americana.

O Brasil atingia 45% da renda per capita dos Estados Unidos.

Em 2016 a Coreia atingiu 70% da renda per capita americana e se igualou à da União Europeia.

E o nosso Brasil, na mesma data, regrediu para apenas 25% da renda per capita dos Estados Unidos – informação extraída do primoroso artigo de Affonso Celso Pastore, que apontou números irrefutáveis e que se impõem por si mesmos.

Sempre me preocupou o fato de observar estarmos andando para trás, como caranguejos teimosos, perdendo tempo em estéreis discusões sobre qual o modelo próprio ao desenvolvimento nacional.

O grande presidente Juscelino Kubistchek nos ensinou quando tornou política pública a meta do seu governo: “fazer 50 anos em 5”, criando a indústria “Made In Brazil”.

Portanto, o modelo existe! 

Aponto os exemplos dos três citados países asiáticos, apesar dos díspares regimes políticos ideológicos.

A sociedade brasileira se agita, grita e esbraveja exigindo que nos abram as vias do progresso pela educação, pela saúde e por honestas administrações; clama à integração do país como um todo; pela abertura ao mundo, quebrando os cartórios e os privilégios que impediram o salto de produtividade da nossa indústria.

Oxigenado, haverá empregos para todos, iniciando pela inclusão dos 12 milhões desocupados à força produtiva.

Chegaremos à nossa democracia, autêntica!

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