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No mundo

O colapso do SVB e as expectativas no investimento de startups

12/04/2023 21:55
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A quebra do Silicon Valey Bank, que é um importante banco para o Vale do Silício e todo o cenário de tecnologia, startups e fundos de venture capital, representa um alerta considerável aos investidores. Startups que possuem algum valor depositado no SVB podem apresentar prejuízos pelas dificuldades em sacar o capital alocado, o que gera perdas imensuráveis aos seus negócios. Diante do enorme problema, fica a sombra ao investidor. Johannes Gmelin, diretor executivo da Primecap, plataforma de investimentos em startups, avalia que ainda é cedo para ter total compreensão dos desdobramentos da crise do SVB no mundo. Confira a entrevista!

The Winners Economy&Law – Essa quebra do SVB pode respingar por aqui, especialmente com
desconfiança com os bancos e fintechs financeiras?

Johannes Gmelin – Nos EUA, muitas instituições financeiras sofreram grandes quedas por conta de temores referentes ao risco sistêmico, a Western Alliance Bancorporation (NSYE: WAL) que é holding bancária, que está na lista dos maiores bancos dos Estados Unidos chegou a registrar uma queda de mais
de 70% em seu valor de mercado. Já no Brasil, instituições financeiras operam em queda, porém em valores muito inferiores. É muito cedo para dizermos quão grande será o impacto da falência do SVB no resto do mundo, porém temos que ficar atentos a como o FED irá controlar essa situação e evitar a contaminação a outros setores e regiões.

TWE&L – Como o investidor em startups pode se proteger?

JG – Depois deste evento, com certeza uma nova preocupação que os investidores devem ter, é com relação em onde a startup vai deixar o capital levantado aplicado, quando o destino do funding for
fluxo de caixa. Essa é uma preocupação maior quando falamos de rodadas de captação maiores, com empresas mais avançadas, onde a quantia destinada a fluxo de caixa da empresa será mais relevante.

TWE&L – E quais as oportunidades que os investidores podem ter junto às startups, apesar deste
momento de juros altos?

JG – Um cenário de juros altos pode ser benéfico para o investidor de venture capital. Os juros podem ser interpretados como o “preço do dinheiro”. Muitas startups, ao se depararem com uma taxa de juros muito alta, se veem em uma posição onde levantar capital através de equity (crowdfunding, fundos e
anjos) ao invés de dívida (bancos, credores), é mais atrativo. Com isso podemos ter mais oportunidades surgindo no mercado. O cenário de juros altos, faz com que o valuation das startups seja reajustado para baixo, o que significa que uma vez que os juros voltem a cair, o valuation irá aumentar dando retorno
para o investidor, mesmo que a empresa fique no 0 a 0, sem, de fato, obter um crescimento significativo.

TWE&L – Quais as alternativas para as startups captarem investimentos no momento?

JG – Isso não mudou, a startup pode captar através de dívida (bancos) ou equity (vendendo participação societária). Hoje, a dica que eu dou é equity de crowdfunding, justamente por ser a melhor opção para as startups captarem, pois os fundos estão usando da alta da taxa de juros como argumento para poder desvalorizar o valor da startup, abaixando o valuation para comprarem mais barato. E quando a startup negocia com fundo, ela acaba se tornando refém na mesa de negociação, porque tem muita barganha. Já no equity de crowdfunding não, as pessoas que investem não podem ficar negociando, porque é uma oferta pública, investe quem quer e não dá para negociar ou abaixar o preço. Então, claro que não adianta a startup colocar o preço que quiser, pois não receberá investimento, mas então, ele não é tão descontado como nos fundos.

TWE&L – Quais setores de startups ainda continuam relevantes e com atração de investimentos,
apesar da alta taxa de juros?

JG – Os setores de startups que continuam a atrair investidores são: fintech, ESG, health, greentech, agro e SAAS (em vários setores).

Johannes Gmelin, diretor executivo da Primecap
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