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No mundo

Caso Credit Suisse: os impactos no mercado global

12/04/2023 21:45
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A recente aquisição do problemático banco de investimentos suíço, Credit Suisse, por seu concorrente maior, o UBS, tem gerado repercussões no setor financeiro global. A aquisição, que foi acelerada devido à classificação do Credit Suisse como “too big to fail”, levantou preocupações sobre o impacto no crédito e nos investimentos globais. No processo, bilhões de dólares de detentores de títulos AT1 foram eliminados, e os acionistas do Credit Suisse ficaram com apenas uma fração do valor real das ações.

A natureza acelerada da aquisição levantou questões sobre a estabilidade do sistema financeiro global e as consequências para os mercados de crédito. A situação do Credit Suisse como uma instituição sistemicamente relevante forçou reguladores e formuladores de políticas a acelerar o processo de aquisição para evitar um possível colapso, que poderia ter consequências de longo alcance para a economia global. A decisão de priorizar a estabilidade do banco em detrimento dos interesses dos detentores de títulos AT1 e acionistas levantou preocupações sobre as implicações de longo prazo para a confiança dos investidores. A perda de bilhões de dólares para os detentores de títulos AT1 e a desvalorização das ações do Credit Suisse por conta da aquisição podem desestimular futuros investimentos em instituições financeiras relevantes, agravando ainda mais as preocupações sobre a estabilidade financeira global.

Impacto nos Mercados de Crédito

O setor financeiro mundial vem tendo um grande movimento de saques ao longo das últimas semanas. Esta “corrida os bancos” vem Levando o FED a sinalizar que estuda garantir todos os depósitos bancários nos bancos americanos, que hoje se estima em cerca de 20 trilhões de dólares. Valor que está próximo ao PIB dos EUA. Este seria um movimento sem precedentes mesmo que ainda sem um plano mais detalhado. “O que se tenta evitar agora é uma crise de confiança. Este foi o principal motivador para o plano de compra UBS x CS. Esta crise sim, se instaurada, afetaria o mercado de crédito como um todo de maneira muito significativa.” afirma Fernando Senna, diretor de Gestão de Recursos da Acura Capital. A crise no banco europeu Credit Suisse veio em seguida ao anúncio de que o Silicon Valey e o Signature Bank colapsaram, o que repercutiu no mercado global. Os reflexos da quebra desses dois bancos norte-americanos reacendeu o debate sobre a possibilidade de uma regulamentação mais rígida nos bancos nos EUA. Apesar de executivos de finanças tentarem amenizar as preocupações de contágio, as tensões persistem. “A aquisição do Credit Suisse pelo UBS destacou a necessidade de uma regulamentação e supervisão rigorosas no setor bancário, principalmente para instituições consideradas ‘too big to fail’. O aumento da fiscalização desses bancos pode levar a padrões de empréstimos mais rigorosos e uma possível restrição de crédito à medida que os bancos buscam mitigar riscos.” diz Armin Altweger, CEO da SCF Brazil. Ainda no contexto da mitigação de riscos, é possível dizer que a junção de dois grandes bancos suíços pode criar um ambiente de empréstimos mais avesso ao risco. Como resultado, empresas e indivíduos podem enfrentar mais dificuldades para acessar o crédito, impactando negativamente o crescimento econômico e os investimentos. “A aquisição do Credit Suisse pelo UBS destaca as complexidades do gerenciamento de instituições financeiras sistemicamente importantes e as possíveis consequências para os mercados de crédito e investimentos globais. Embora a fusão possa ter evitado uma crise financeira maior, também gerou preocupações sobre a confiança dos investidores, a estabilidade dos mercados de crédito e o futuro dos investimentos globais. À medida que a poeira baixa, reguladores, formuladores de políticas e investidores estarão monitorando de perto a situação para aprender lições valiosas e orientar a tomada de decisões futuras”, afirma Altweger. A fusão entre o UBS e o Credit Suisse também tem implicações para o cenário de investimentos globais. Com a combinação de ativos e influência de dois dos maiores bancos da Suíça, é provável que o UBS se torne um player ainda mais significativo. O gigante bancário recém-formado poderia remodelar o cenário competitivo, alterar estratégias de investimento e afetar a dinâmica do mercado. “Adicionalmente, as consequências da aquisição podem levar os investidores a reavaliar seus portfólios, principalmente no contexto do risco sistêmico. A experiência dos detentores de títulos AT1 e acionistas do Credit Suisse pode levar a uma mudança nas preferências de investimento, com investidores possivelmente aquirindo investimentos em instituições financeiras sistemicamente relevantes ou buscando oportunidades alternativas de investimento”, conclui Armin Altweger.

Fernando Senna, diretor de Gestão de Recursos da Acura Capita
Armin Altweger, CEO da SCF Brazil
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